segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Unhas vermelhas de Gilda...

Esse ano está terminando...mais um ano! Nesse ano eu tive muitas perdas. E uma delas, senão a mais importante, foi a de uma pessoa muito importante pra mim desde sempre. Ela era uma amiga, uma mãe, uma criança grandona, uma adulta rígida, ela era alegria! Do jeito dela, único, mas era. Gostava da Bahia e do encanto daquela terra preguiçosa. Detestou São Paulo e a correria de sua gente, mas ela não era preguiçosa, pelo contrário. Andava rápido e eu, com minhas perninhas finas e curtas, tentava acompanhar. E andávamos muito...por muitos lugares. Ela gostava de shopping, de compras, de lojas de importados, de táxi! Eu amava quando aos berros ela exclamava “detesto ônibus, vamos de táxi!”. Eu também amo andar de táxi... E era melhor quando era com ela, porque com ela tudo era divertido. Não era simples e nem ostentava. Era vaidosa, bonita, pintada; com suas unhas e lábios vermelhos...sempre! Os cabelos bem curtinhos sempre penteados e aos berros, sempre, chamava pra me pentear. Catava meus piolhos, penteava-me com força. Ela não era delicada, mas era doce. Seus abraços eram fortes, verdadeiros. As palmadas de carinho machucavam, mas eu as adorava. Juro que sim. Ela sabia que sim. Sentada na pia, eu a observava cozinhar. E como uma mestra ela me ensinava, mas “minha amiga”, eu nada aprendi. Porque eu achava tanta graça das trapalhadas dela, que mal conseguia saber se tinha posto sal ou açúcar. Na verdade ela era um pouco disso, sal e açúcar! Os anos foram passando e ela, envelheceu. E vieram os problemas, as doenças, as coisas ruins e naturais da vida. Pra fugir da pressão alta chupava bala, e como afetava a diabetes, comia sal. Ficava sempre internada no Natal por causa da insistência no bacalhau. Num acidente machucou a perna e, por medo de médico e teimosia, nunca tratou. Nesse ano minha vó teve que amputar a perna e faleceu sem ter se dado conta disso. Acho que foi melhor assim. Ela não iria suportar. Sinto muita saudade dela, do seu jeito, e até mesmo da vó que morreu meio descuidada, mas com a alma de guerreira, forte pracaramba! Em 2007 perdi minha vózinha... Tererê... Pintei minha unha de vermelho nessa semana, pra lembrar com carinho que não haverá mulher como Gilda, mas eu sou um pedacinho dela... com muito carinho! Joanna

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