sábado, 4 de janeiro de 2020

Sobre Roberta, juro!

Roberta é uma pessoa legal, no  geral. Tem bons amigos, leais a ela. Roberta também é leal.
Ela gosta de fazer muitas coisas com eles, mas também curte muito estar sozinha. A solidão, de certa forma, de uma forma até meio que melancólica, faz bem à Roberta.

"As pessoas tem muito a oferecer, mas pouco pra dar" é uma das suas frases preferidas. Ela gosta muito de criar frases de efeito e as repete como se fossem de um autor famoso, mas é ela própria quem cria essas frases nos seus momentos de devaneio. O problema é que ela morre de vergonha de dizer que as frases são dela. Na verdade ela morre de vergonha de tudo que cria. O julgamento das pessoas assusta muito Roberta e sentir-se avaliada causa um certo desespero. Menos do que antes, quando ela se limitava a viver por conta disso, mas ainda assusta. Não a limita mais, não a veta, mas a assusta. As pessoas são muito cruéis. Roberta também tem sua dose de crueldade. Todos temos, não é mesmo? Difícil é assumir isso. Mas ela assume. Nunca contou onde, de fato, dissipou seu veneno, mas nunca negou que o tenha feito. Roberta é muito sincera. De uma forma até suicida.

Roberta tem uma mania péssima de fazer coisas das quais não se orgulha. E quando chega em casa, ela e eu sabemos o quanto ela chora e se pune por isso. Nem ela sabe porque as faz, nem ela entende como se mete em algumas das suas confusões. O fato é que ela tem muita dificuldade em dizer não e acaba aceitando muitos absurdos. A negativa é uma opção também, muitas vezes a melhor, mas Roberta às vezes esquece disso. Ela quer aproveitar tudo, ela quer provar tudo, ela quer conhecer tudo e, por muitas vezes, cria teias perigosas que depois a fazem muito mal. Ela precisa parar! Nós duas sabemos disso. Ela até mais do que eu, que estou escrevendo sobre ela agora.

Eu deveria estar escrevendo sobre ela?

Bom, o trabalho é muito importante pra Roberta. Ela, de fato, ama sentir-se produtiva. Mas não queira que ela leve isso tão a sério. Eu não lembro de nada que ela tenha levado muito a sério assim. Preciso pensar mais sobre isso, porque se eu perguntar ela com toda a certeza não vai saber me responder também. Roberta não sabe pensar sobre pressão. Ela simplesmente trava! Fica com um olhar perdido, a boca seca, a cabeça a mil e já começando a pensar em outras coisas pra desfocar. Pressão, sem dúvida, é seu pior inimigo.

Sobre o amor? Ah, cada dia o amor tem uma definição diferente pra ela. O amor já foi palpável, o amor já foi uma energia, o amor já foi o sorriso de uma criança e hoje, pra ela, o amor é um dia de cada vez. O amor é uma construção. Um prédio que você vai levantando tijolo por tijolo com o cimento do respeito e a massa da tolerância. Paciência são os pilares. O amor, pra ela, já não se sustenta mais sozinho. E hoje ela ama tanta coisa, ela ama tantas pessoas, que o conceito de prédio não vem a toa. É pra caber muita gente mesmo, é pra caber todo mundo. Roberta é dessas pessoas que agrega. Ela junta e ama ver tudo junto, todo mundo no mesmo balde.

Talvez, por isso, ela viva sempre tão rodeada de gente. Deve ser por isso que a gente vê ela sorrindo quase que o tempo todo. Quase.

Talvez esse texto sobre ela esteja um tanto quanto óbvio mas, meus leitores, eu posso garantir que não. Porque nada é óbvio quando se trata de Roberta. A gente sempre acha que ela está indo em uma direção e na verdade, quase sempre, ela nos surpreende fazendo o contrário. E por que então, Joanna, escrever sobre ela?

Por que, Joanna?

Por que, Roberta?

A gente, na vida, costuma ter muitos segredos. Coisas que a gente não conta pra ninguém, ninguém MESMO! Roberta sabe que eu tenho esse blog. Ela sabe muitas coisas sobre mim e sabe que eu hoje precisava de um tempo só meu, de uma rede, de um colo, de um motivo pra ter certeza de que vai ficar tudo bem, de uma caneca de chocolate quente com biscoito e geleia de morango. Eu adoro morango.

Mas esse texto não é sobre mim, não é pra falar de mim. Esse texto nem é tão meu. É sobre Roberta, é pra Roberta, eu juro.

Nana.