sexta-feira, 18 de março de 2016

Barata de medo!

Faz alguns meses que eu decidi morar sozinha. E esse é o tipo de decisão que muda tudo na sua vida e ao seu redor. É um passo que você dá rumo ao desconhecido, sem saber se vai dar certo, se vai dar conta, se vai dar. Mas quando você decide por coisas desse tipo, você sabe que  tá suscetível a viver de tudo; das melhores às piores coisas.

Eu enfrentei muitas coisas depois que decidi por isso. Enfrentei ter que gastar um dinheiro que não tinha,  enfrentei ter que abrir mão de algumas coisas, enfrentei uma tempestade no dia da minha mudança (mas minha fé ao Deus vivo me manteve de pé e cessou a tempestade. Ele é craque nisso), enfrentei ter que comprar tudo do zero, começar do zero. E dentre as tantas e tantas coisas que enfrentei, eu enfrentei baratas.

Sim, é daquele animal nojento mesmo, daquele inseto asqueroso que eu tô falando.

A vida inteira eu sempre tive alguém que matasse as baratas pra mim. Sempre! Eu não tenho medo de barata. Se dissesse isso estaria mentindo, mas eu tenho muito nojo e mais nojo ainda de matar o bicho. Aliás eu tenho nojo de matar qualquer bicho!! Até mosquito, mosca... Ecaaa! O fato de ter que matar o dito cujo me faz tão mal que eu até "prefiro" ter que enfrentar o fato dele dividir o mesmo espaço que eu, tamanha a minha ojeriza pela morte matada do animal.

E quando me mudei, nas primeiras semanas, eu já me deparei com essa realidade. Uma barata IMENSA entrou no meu banheiro. E essas baratas imensas são muito abusadas, porque elas ficam te olhando e te encarando como quem diz "olha meu tamanho rapá! Você não tem essa coragem". Não, eu não tenho.
Eu gritei, chorei, tranquei a porta do banheiro, abri de novo, chorei mais. E a bicha lá. E eu deixei ela lá porque eu não sabia como enfrentar. Depois de umas 4hs sem usar o banheiro, já quase com xixi rolando pelas pernas eu decidi abrir a porta e notei que ela sumiu, escafedeu-se.

Partindo da máxima de que onde come um, comem dois eu fui ao mercado e decidi me precaver com esses mata-baratas. Comprei um baygon super power bolado, que mata até as plantas, e deixei guardado ao alcance das mãos. Dito e feito. Fui lavar roupas e quando abri a máquina a bicha estava lá (a mesma, outra, tanto faz). Ela me lançou o mesmo olhar ameaçador, mas dessa vez eu tinha uma arma e não iria fugir. Com as mãos trêmulas eu peguei o spray e lancei sobre ela com toda minha ira

" MORRE DESGRAÇA"!!!!

Ela tonteou pra lá, pra cá, entrou na máquina e se entranhou no meio de umas poucas peças de roupa. Num ato desesperado, eu fechei a máquina e liguei. Dane-se!! Era tudo ou nada naquela guerra. Esperei ansiosa a máquina acabar de trabalhar e abri a tampa com muito medo e esperança de encontrá-la morta, enfim. Mas não, a peste saiu cambaleando, sem me encarar. Lancei sobre ela mais uma jatada de baygon e ela enfim morreu.

Eu sabia que esse não seria o melhor jeito de lidar com essa situação. Quem bate uma barata na máquina de lavar pra que ela morra? Mas eu também sabia que essa não seria a última inimiga, e não foi.

Enquanto eu fazia comida outra asquerosa apareceu. Essa com o mesmo tamanho das outras porém com o adicional de poder voar!! A bicha veio num rasante bizarro e parou no fogão. Olha a afronta!! Portei o mesmo baygon,  mas pensei: acho que sámerda é inflamável. Se eu depois acender o fogo, posso queimar a casa!! E queridos, nunca foi minha intenção tacar fogo na casa por causa de uma barata.
Peguei o pano de prato e dei uma porrada tão forte nela que voou longe, literalmente. Parou na sala e veio na minha direção, me desafiando.
Tomou três jatadas das brabas e não se abateu, continuou vindo e vindo! E eu recuando, e gritando e ela vindo e vindo mais! Até que num ato desesperado, eu pisei nela. Instintivo. E ela ficou ali, morta, derrotada, sob meus pés. Acabou.

De lá pra cá, as que sobrevivem ao veneno que espalhei pela casa, eu enfrento assim. Duas jatadas de baygon e um pisão! E fim!

Escrevi tudo isso pra dizer que muitas vezes a gente não tá acostumado com as baratas que aparecem e o desafio de acabar com elas. Quantas vezes nos deparamos com as nojentas "baratas" da vida e tratamos de maneira alucinada a situação, não sabemos como agir. Tentamos subterfúgios pra nos livrar de um problema que parece gigante, mas é tão pequeno! Tão pequeno que destruímos apenas com o pisão de um pé.

Espero que a gente sempre lembre que nossas atitudes tem um poder gigante! Tanto pra permitir que baratas morem nas nossas vidas por horas, dias, meses, anos, quanto pra ter a atitude de dizer "chega" e tirá-las do nosso caminho.

Eu ainda tenho pavor de matar baratas! Ainda grito, choro... Mas me dei contas de que na guerra entre elas e eu, desculpa, mas já temos um vencedor!

Obs: enquanto escrevia uma lagartixa entrou na minha cozinha. Foi uma das piores experiências da minha vida e acho que não preciso contar o final.

                                      Nana.