segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O ônibus - série biografia


Olá! Como vai, tudo bem?
Não quero saber não. Perguntei só por educação mesmo...

Então, quem me conhece sabe que eu sou a rainha de dormir nos ônibus desde sempre. Me jogo mesmo, de sonhar. Sempre tive uma vida muito corrida, morando longe de faculdade, estágio, trabalho. E o tempo que eu tinha pra relaxar e dormir na condução, eu dormia mesmo.

Nessa época, da história de hoje, eu morava na Penha, estudava na Urca e fazia estágio em Ipanema. Estava morta de cansada, semana de provas, estágio bombando... Saí do estágio em Ipanema, fui até o ponto final do 484B. Sentei naqueles bancos mais altos, só que os bancos mais altos do 484B são bem mais altos mesmo. Mais altos do que todos os bancos mais altos do mundo! Sentadinha, no ar condicionado, no banco mais alto do mundo e num trânsito infernal, eu dormi. Apaguei. 

Poderia ser linda a história se eu tivesse permanecido assim, desse jeito, até chegar em casa. Mas não, claro que não... 
Num determinado ponto de Copacabana (eu não sei exatamente o que aconteceu) mas o ônibus deu uma freada giga, dessas que as pessoas se machucam e tal. E eu, sentada no banco mais alto, dormindo horrores e sonhando com sabe Deus o que, voei. Se eu der detalhes desse momento eu vou estar mentindo, porque eu não lembro e não sei mesmo. Estava dormindo! E quando acordei estava voando por cima do cara que estava sentado no banco menor na minha frente e parando com as pernas pra cima e a cabeça entre as pernas dele no chão. Ele gritava algumas coisas como "EITA, EITA!" "TÁ DOIDA MOÇA!?!?" "LEVANTA MULHER!!" Dentre outras. 

O ônibus estava relativamente cheio, eu de cabeça pra baixo e ele gritando e me empurrando. Não foi legal pra ele, mas também não foi pra mim. Hoje acho que ele se machucou mais do que eu, ou foi o susto dele que foi maior, não sei. Ou as duas coisas. Eu sei que ele me xingou muito. Reclamou de dores no pescoço, me chamou de louca inúmeras vezes. 

Eu não sou louca e tampouco fico me atirando por cima das pessoas nos ônibus. Acho, inclusive, que ele estava nervoso e descontou tudo em mim. Eu estava só dormindo, cansada, em mais um dia no coletivo... Também me machuquei, me assustei e passei maior vergonha! Cara grosso! 

Vou dar o exemplo de uma pessoa mais compreensiva através de outra história. 
Eu estava na mesma situação, cansada voltando do estágio. Dormi, sonhei, a mesma coisa. Mas estava tão fofinho, tão gostoso. Tão parecido com meu travesseiro, sabe? Quando abri os olhos, eu estava encostada na barriga do moço que estava em pé do meu lado. Morrendo de vergonha eu pedi desculpas! Mil delas! E, gentilmente, ele me respondeu: "você está cansada, não tem problema.. Pode ficar a vontade". 

Tá vendo gente!? Pessoa ótima e compreensível.
Se todos fossem no mundo iguais a esse moço que doa sua própria barriga pras pessoas cansadas no ônibus.. O mundo seria bem mais bonito. Bem mais legal de se viver! 

Nana.