domingo, 8 de março de 2020

Pra elas, e pra eles que querem melhorar pra elas.

   Eu gostaria de escrever sobre três histórias que presenciei nessa semana. Acho oportuno relatar esses três eventos no dia de hoje. Tomara que compartilhem da mesma opinião que eu.

Na van:

    Eu estava na van, voltando pra casa e, milagrosamente, não estava de fone de ouvido. Ao meu lado uma moça grávida, no último banco do carro. Na frente tinha um homem sentado e um outro homem ao lado dele. Esse segundo homem levantou e, uns dez segundos depois, o outro homem olhou pra trás, pra mulher grávida ao meu lado, e num tom bem agressivo disse "Você se separou?". A mulher pareceu tão ou mais surpresa do que eu com a pergunta e a princípio não respondeu. Depois, com a pergunta repetida "Você se separou?" ela respondeu a mesma coisa que eu responderia "Quê?". Ele não satisfeito, e cada vez mais agressivo fez a mesma pergunta mais duas ou três vezes e foi quando eu entendi, de fato, o que estava acontecendo.

   Ela era esposa dele e, depois que o rapaz que estava do lado dele se levantou, na cabeça dele era automático que ela fosse sentar-se ao lado dele. Só que ela não foi. E aquela série de perguntas iguais foi, de alguma forma, pra que ela entendesse que não estava separada para sentar do lado do marido. Sim, foi exatamente isso.

   Depois de tudo isso - que durou uns minutos que foram me corroendo por dentro - ela levantou-se e sentou onde ele queria. Eu não tive como não prestar atenção naquele diálogo:

- Pensei que eu fosse ter que gritar mais pra você entender.
- Olha, eu to tão, tão cansada...
- Cansada? Tá cansada?
....
- Depois, em casa a gente vai conversar sobre seu cansaço.


No ônibus:

   Dois rapazes adolescentes conversando:

- Po, tô dividido, né? Duas gostosas! Tudo bem que uma é mais do que a outra, mas uma me diverte, me faz rir, a outra é só pra me satisfazer mesmo. Não sei, não sei.

- Na dúvida fica com as duas, ué? Por que ficar só com uma se pode ter as duas que se completam?

Os dois caem na risada.

- Pode crer. As duas me querem, eu quero as duas. Tá tudo certo.

- Elas só não podem descobrir, senão já era.

- Se descobrirem elas que se matem por mim. Tõ nem aí...


No shopping:

   Eu estava almoçando na bancada da praça de alimentação e, ao meu lado, tinha um casal e um menino com, sei lá, uns 9 anos. O garoto estava se recusando a comer e o pai falava algumas coisas em tom de ameaça pra ver se convencia o menino a terminar o prato. A mãe, percebendo que eu olhei, ficou com vergonha e tentou convencer o menino com um tom mais ameno. Na mesma hora, sem ter visto que eu tinha olhado, o pai esbravejou contra a mãe do menino:

- É por isso que ele é assim. É o tempo todo você passando a mão na cabeça desse garoto! Muleque minado! Se você não comer você não levanta daí, você tá escutando?

   O menino baixou a cabeça, olhou pro prato. Olhou pra mãe que, com um olhar de canto de olho pra ele fez um sinal de positivo acenando com a cabeça. Mais uma vez ele olhou pro prato, segurou o garfo e foi comendo aos poucos, até que comeu tudo.

   O pai meio que orgulhoso, não percebendo NADA que aconteceu ao seu redor, mandou um "muito que bem" pro menino. Todos levantaram e seguiram seu caminho.



   Eu não vou comentar  nada sobre essas três situações. Eu não vou escrever ou fomentar nenhuma opinião pessoal sobre nenhum desses casos. Não escrevi esse texto com esse intuito. Eu já tenho as minhas convicções e a ideia é que você leia e reflita, mas reflita pensando bem no dia de hoje e no que você fez durante todo o dia.

Força manas e parabéns pela luta de ser quem somos todos os dias. Não só no dia de hoje. Não só hoje.


Nana