terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Em casinha 💗

    Hoje é dia 08 de dezembro de 2020. Um marco na minha vida.

    Lembro direitinho, há cinco anos atrás, eu deitada num edredom dobrado ao meio, no chão da sala escura (porque ainda não tinha ligado a energia do apartamento), num travesseiro velho emprestado, tal qual o edredom.

    Chovia. Muito.

    Lembro de olhar pela janela praquela tempestade de raios e trovões e, mesmo com muito medo - sim, tenho medo de tempestade - agradecer. As lágrimas escorrendo pelo rosto de tanta gratidão e paz. Deitada no chão da sala ainda vazia.

    Faz cinco anos que decidi morar sozinha e vocês talvez não tenham noção da real mudança que isso trouxe pra minha vida. Foi desse dia em diante que decidi pagar pela minha liberdade, pela minha paz. E, meus caros, nada é tão caro quanto a sua paz. Quanto você poder respirar aliviada, ter seu canto, seu lugar, seu refúgio. Pra muita gente isso não vai fazer o menor sentido, mas pra muita gente isso vai significar tudo. Muitos leitores, que aqui vem, vão entender exatamente do que estou falando.

    Eu lembro, com muito orgulho, de cada conquista. Do sentimento que me acometeu no momento em que peguei as chaves da quitinete que seria minha por dois maravilhosos anos. Eu não tinha praticamente nada. Uma cama, um armário velho que fora remontado pela terceira vez (e ainda inteiro porque nunca foi sorte, sempre foi Deus), um rack e um micro-ondas. Essas eram as minhas posses. 

    Minha primeira aquisição foi uma geladeira usada desde o descobrimento da energia elétrica. A bicha era torta, envergada pra direita, amarelada e gelava mais que o suficiente. Coloquei uns adesivos nela pra melhorar o aspecto e foi ela que me serviu durante esses dois primeiros anos. Pra mim ela era maravilhosa! O fogão eu ganhei de uma amiga muito querida e com ele estou até hoje. Mas esqueci que pra usar o fogo tinha que ter gás e, por conta desse ato falho, só fui estrear o fogão um mês depois. Não tinha grana pro gás até então. E estava tudo bem! Vamos de comida de micro ou açaí!

    Nas janelas, sem cortina, coloquei papel de presente do Papai Noel, pra ninguém ficar bisbilhotando pela janela. Usei desse improviso até uma outra amiga me presentear com uma cortina (que uso até hoje em um dos quartos do meu, então, apartamento).

    A TV também era emprestada e o volume não funcionava muito bem. Começava bem baixinho e ia "esquentando" até estabilizar o volume normal. Durou três anos até explodir. Sim, ela explodiu na Copa e ai comprei uma nova. Smart. Olha que chiqueza!

    O sofá veio bem depois da mudança. Até então quem vinha me visitar sentava na cadeira de praia e no edredom. Aquele do começo do texto, lembra? Era ele meu sofá. Depois comprei um bem legal pago em 10x sem juros que já tá na hora de ser trocado, inclusive.

    Lembro dos primeiros perrengues que passei com insetos, da barata que "bati" na máquina de lavar, da vizinha que derrubava tudo na minha área de serviço (tem um texto aqui no blog falando sobre isso), de uma vez que quis usar azeitona e não conseguia abrir o vidro de jeito nenhum. Fiquei com tanta raiva que quase joguei no chão e catei as azeitonas. Não fiz por um triz... juro.

    A decoração do apê eram três quadros velhos que peguei de alguém que não quis mais. Só. Não era minha prioridade na época e eu sabia que seria momentânea aquela primeira fase. Que com o tempo eu iria conseguir fazer as coisas do meu jeitinho. 

    Tempo... a gente precisa saber esperar e saber entender que ele passa. Sempre passa. 

    Hoje, cinco anos depois, não tenho mais quase nada daquela primeira fase, daquela primeira quitinete. Poucas coisas sobraram; a maioria eu troquei, comprei novo. Respeitei meu tempo, respeitei minhas limitações. Respeitei minhas condições sempre acreditando que as coisas iriam melhorar. E melhoraram! Minha casa é linda! Toda decorada do meu jeitinho com muito investimento do meu dinheiro de férias e 13º na Praça 2 e no Ponto Frio. Eu entro, hoje, na minha casa e me reconheço, me encontro, me refugio. Renovo minhas forças e energias.

    Ainda tem um monte de coisa que quero fazer, claro! Mas se parasse por hoje já estaria satisfeita. Na verdade, se parasse naquele dia, deitada no edredom no chão da sala também. Vocês podem achar que estou exagerando, mas não estou. Como eu disse, só eu sei o que esse teto sobre a minha cabeça significa pra mim.

    Tô fazendo esse texto hoje pra comemorar esses cinco anos de luta, de paciência e de coragem. Estou escrevendo, também, pra me lembrar que nada é impossível. Que eu quero e posso ser e fazer o que eu quiser com paciência e foco. Ah, e também resolvi escrever tudo isso por você. Sim, você, caro leitor, que precisa entender que dar o primeiro passo é preciso. Ninguém aprende a correr sem antes andar. E se você, como eu, não nasceu num berço de ouro e precisa correr atrás dos seus rolês sozinha(o), você precisa entender que os passos vem um de cada vez... um depois do outro, mas é preciso sair da inércia! 

    Talvez pra você os primeiros passos sejam bem tranquilos e suaves. Numa casa própria, ou num lugar com mais conforto. Mas talvez seu começo seja exatamente como o meu; com uma geladeira torta pra direita, com edredom como sofá e com a ajuda de muita gente que Deus levanta pra abençoar a gente. E tá tudo bem! Acredite, fica sempre tudo bem! 

    Cinco anos depois estou aqui pra garantir que fica e pra agradecer a Deus que tem me sustentado a cada minuto nessa coisa linda e louca chamada vida.

Nana.









quinta-feira, 16 de julho de 2020

Sol em Sagitário, Ascendente em Aquário – O Astronauta

     "De acordo com seu horário de nascimento, Joanna, seu signo ascendente é Aquário, que se combina ao Sol em Sagitário, se traduzindo numa personalidade extremamente humanitária, que tem grande fé no lado bom das pessoas e se conecta à busca de um sentido para a vida. Ainda que eventualmente você peque por ingenuidade e por uma crença exagerada em coisas fantasiosas, é justamente esta sua fé em coisas que os outros acham "absurdas" que lhe torna uma pessoa tão exótica e fascinante. Você não vende seus sonhos e ideais por nada, e os outros admiram esta certeza absoluta que move seu espírito.

     Aquário no ascendente dá uma qualidade amigável, que respeita a individualidade alheia, mas plenamente consciente da própria individualidade. Sagitário ascendente tem muita fé em si mesmo ou numa força maior. Esta combinação se traduz num notável poder de comunicação, Joanna, que você usa conscientemente para transmitir uma mensagem. Há algo de "missionário" na combinação de Aquário com Sagitário. É muito provável que você venha a escrever muito, ou palestrar. O gosto por literatura é notável também. Muitas viagens (físicas e mentais) são outra marca registrada.

     A dura realidade da vida lhe choca. Precisa aprender a lidar melhor com ela, a compreender que existe sombra onde existe luz. Não adianta dar as costas ao lado mais "escuro" da vida. É possível que a vida lhe apresente a muita gente sofredora, a fim de que você transmita um pouco de luz a elas, e aprenda a perceber que a vida não é só festa.
   
   Você tem um lado altamente filosófico, quase religioso, que pode e deve cultivar. O desafio aqui é aprender a aplicá-lo na realidade prática, que você acha cansativa e grosseira. Por você, a vida seria vivida com o máximo de relaxamento, e não deixa de ser interessante perceber o quanto você tem um lado "sortudo" - que chega a irritar gente que acredita que você não sofre, o que não é verdade. Você sofre, mas tem uma fé tão grande que tudo faz sentido, que consegue extrair a lição do sofrimento, enquanto os outros ficam simplesmente se queixando. Você não tem mais "sorte" do que os outros: você cria um campo de oportunidades com seu próprio pensamento - e é isso que sua alma veio ensinar os outros a fazer!"

Nana.
x

sábado, 23 de maio de 2020

Pandemia

   Ontem encontrei uma das minhas melhores amigas, senão a melhor. Nós nos vimos porque eu precisava entregar uma coisa pra ela. Não pudemos nos abraçar, o que foi péssimo, porque habitualmente vivemos agarradas, grudadas. Ela levou dois pares de luvas, um pra mim e um pra ela. Colocamos as luvas e apertamos as mãos uma da outra, esmagamos as mãos sabendo que aquele seria o máximo de contato que poderíamos ter. Ela com os olhos marejados e eu também, ali de mãos dadas com luvas no ponto de ônibus. Sentamos, com um banco de diferença entre nós, de máscara e luvas e ficamos conversando. Tentando contar sobre coisas que não estariam acumuladas se não estivéssemos por tanto tempo uma longe da outra. Foi horrível!

   Tenho assistido muitos videos engraçados no Instagram e no Tiktok e meu riso tá diferente. Uma gargalhada histérica, acima do tom, exagerada. Nem sei se, em outras condições, acharia tanta graça de tantas coisas. Tô me alimentando de comédia pra não morrer de tédio e pavor, mas admito que hoje fiquei pensando se estou rindo mesmo, achando graça, ou fingindo pra eu mesma que tá tudo bem, tá tudo de boa, o mundo continua girando.

   A música tem me salvado também. Tenho curtido bastante coisa diferente das que eu estava acostumada. Rap agora tá bombando na minha playlist. MPB então, nem se fala!! Música de qualidade de uma galera que eu não conhecia ou conhecia muito pouco. Desligo a TV e fico ali, viajando no som que me traz a sensação de alma em paz. O poder da música, o poder da arte. 

   Já não sei quantos dias faz que estamos em isolamento social, em casa, fugindo de uma doença que tá matando mil por dia no Brasil, Enquanto escrevo esse texto a marca de mortos por essa praga está em 21.116. É gente pra caramba morrendo! Gente pra caramba!! Gente que duvidou do poder da doença, gente que não tomou os devidos cuidados, gente que fez tudo direitinho, mas pegou. Gente gente gente gente. Gente! Todos os dias, eu não estou exagerando, todos os dias recebo mensagem de alguém dizendo que alguém conhecido morreu. E enquanto isso eu tô aqui, tentando.

   Uma saudade absurda de praia, dos meus amigos, de bar, de música ao vivo, de escrever bilhetinho pedindo música, de querer tirar o sapato e sambar descalça, de rir, de abraçar, de chorar ouvindo uma história de sucesso ou de fracasso de alguém, de encontrar ex na rua e fingir que não viu, saudade de reclamar do BRT, de fazer xixi em pé no banheiro do bar, saudade de salto alto, meus amigos. Quem diria que a "mina do tênis" sentiria saudade de usar salto? Saudade de esperar a tarifa do uber baixar pra voltar pra casa, de pedir pro motorista aumentar o som pra eu cantar, saudade de forró e comer carne de sol com manteiga de garrafa. Uma tremenda falta de reclamar da música mal tocada de um show ao vivo de uma banda que é muito melhor no playback.

   Eu não queria que esse texto parecesse muito melancólico, juro. Mas não consigo porque tô só melancolia. Desculpem, leitores, é só o que tenho pra oferecer no momento. Algo diferente disso não seria real, não seria eu. E uma coisa que não sei fazer é fingir, graças a Deus.

   Não faço ideia de quando tudo isso vai terminar. Não tem um prazo pra que a gente possa voltar a viver normalmente, fazendo tudo que sempre fizemos, sem máscara, sem evitar encostar nas pessoas, sem ter que lavar saco de batata palha. Não tem nada legal nisso tudo que está acontecendo, NADA! É uma grande merda você não poder fazer as coisas, ter que lavar compras, andar de máscara e tomar banho de álcool gel. Mas não tem outro jeito e meu pai sempre me disse "o que não tem jeito, ajeitado está". E é isso, vamos nos ajeitando.

   Cuidem-se! Não se culpem pela preguiça, não se exijam, não se forcem, a nada! Façam tiktok, é muito legal e tem uns vídeos bem engraçados. Lavem as compras, usem o álcool gel, não entrem de sapato em casa, lavem suas máscaras, evitem assuntos estressantes, pessoas irritantes, ideias discrepantes. Ascendam um incenso; os de alecrim são uma delícia. Assistam a série "Todas as mulheres do mundo" no Globo Play. Dá um quentinho no coração que vocês também precisam sentir. Bebam água e tomem sol, se possível. Falta de vitamina D também mata. Façam vídeos pra aliviar as saudades, assistam lives (até enjoarem, porque eu já enjoei), durmam. Cuidem dos seus velhinhos, de perto ou à distância. Sobrevivam! Respirem! A gente precisa respirar, com tudo que isso significa.

   Vai passar.


Nana.

domingo, 8 de março de 2020

Pra elas, e pra eles que querem melhorar pra elas.

   Eu gostaria de escrever sobre três histórias que presenciei nessa semana. Acho oportuno relatar esses três eventos no dia de hoje. Tomara que compartilhem da mesma opinião que eu.

Na van:

    Eu estava na van, voltando pra casa e, milagrosamente, não estava de fone de ouvido. Ao meu lado uma moça grávida, no último banco do carro. Na frente tinha um homem sentado e um outro homem ao lado dele. Esse segundo homem levantou e, uns dez segundos depois, o outro homem olhou pra trás, pra mulher grávida ao meu lado, e num tom bem agressivo disse "Você se separou?". A mulher pareceu tão ou mais surpresa do que eu com a pergunta e a princípio não respondeu. Depois, com a pergunta repetida "Você se separou?" ela respondeu a mesma coisa que eu responderia "Quê?". Ele não satisfeito, e cada vez mais agressivo fez a mesma pergunta mais duas ou três vezes e foi quando eu entendi, de fato, o que estava acontecendo.

   Ela era esposa dele e, depois que o rapaz que estava do lado dele se levantou, na cabeça dele era automático que ela fosse sentar-se ao lado dele. Só que ela não foi. E aquela série de perguntas iguais foi, de alguma forma, pra que ela entendesse que não estava separada para sentar do lado do marido. Sim, foi exatamente isso.

   Depois de tudo isso - que durou uns minutos que foram me corroendo por dentro - ela levantou-se e sentou onde ele queria. Eu não tive como não prestar atenção naquele diálogo:

- Pensei que eu fosse ter que gritar mais pra você entender.
- Olha, eu to tão, tão cansada...
- Cansada? Tá cansada?
....
- Depois, em casa a gente vai conversar sobre seu cansaço.


No ônibus:

   Dois rapazes adolescentes conversando:

- Po, tô dividido, né? Duas gostosas! Tudo bem que uma é mais do que a outra, mas uma me diverte, me faz rir, a outra é só pra me satisfazer mesmo. Não sei, não sei.

- Na dúvida fica com as duas, ué? Por que ficar só com uma se pode ter as duas que se completam?

Os dois caem na risada.

- Pode crer. As duas me querem, eu quero as duas. Tá tudo certo.

- Elas só não podem descobrir, senão já era.

- Se descobrirem elas que se matem por mim. Tõ nem aí...


No shopping:

   Eu estava almoçando na bancada da praça de alimentação e, ao meu lado, tinha um casal e um menino com, sei lá, uns 9 anos. O garoto estava se recusando a comer e o pai falava algumas coisas em tom de ameaça pra ver se convencia o menino a terminar o prato. A mãe, percebendo que eu olhei, ficou com vergonha e tentou convencer o menino com um tom mais ameno. Na mesma hora, sem ter visto que eu tinha olhado, o pai esbravejou contra a mãe do menino:

- É por isso que ele é assim. É o tempo todo você passando a mão na cabeça desse garoto! Muleque minado! Se você não comer você não levanta daí, você tá escutando?

   O menino baixou a cabeça, olhou pro prato. Olhou pra mãe que, com um olhar de canto de olho pra ele fez um sinal de positivo acenando com a cabeça. Mais uma vez ele olhou pro prato, segurou o garfo e foi comendo aos poucos, até que comeu tudo.

   O pai meio que orgulhoso, não percebendo NADA que aconteceu ao seu redor, mandou um "muito que bem" pro menino. Todos levantaram e seguiram seu caminho.



   Eu não vou comentar  nada sobre essas três situações. Eu não vou escrever ou fomentar nenhuma opinião pessoal sobre nenhum desses casos. Não escrevi esse texto com esse intuito. Eu já tenho as minhas convicções e a ideia é que você leia e reflita, mas reflita pensando bem no dia de hoje e no que você fez durante todo o dia.

Força manas e parabéns pela luta de ser quem somos todos os dias. Não só no dia de hoje. Não só hoje.


Nana





sábado, 4 de janeiro de 2020

Sobre Roberta, juro!

Roberta é uma pessoa legal, no  geral. Tem bons amigos, leais a ela. Roberta também é leal.
Ela gosta de fazer muitas coisas com eles, mas também curte muito estar sozinha. A solidão, de certa forma, de uma forma até meio que melancólica, faz bem à Roberta.

"As pessoas tem muito a oferecer, mas pouco pra dar" é uma das suas frases preferidas. Ela gosta muito de criar frases de efeito e as repete como se fossem de um autor famoso, mas é ela própria quem cria essas frases nos seus momentos de devaneio. O problema é que ela morre de vergonha de dizer que as frases são dela. Na verdade ela morre de vergonha de tudo que cria. O julgamento das pessoas assusta muito Roberta e sentir-se avaliada causa um certo desespero. Menos do que antes, quando ela se limitava a viver por conta disso, mas ainda assusta. Não a limita mais, não a veta, mas a assusta. As pessoas são muito cruéis. Roberta também tem sua dose de crueldade. Todos temos, não é mesmo? Difícil é assumir isso. Mas ela assume. Nunca contou onde, de fato, dissipou seu veneno, mas nunca negou que o tenha feito. Roberta é muito sincera. De uma forma até suicida.

Roberta tem uma mania péssima de fazer coisas das quais não se orgulha. E quando chega em casa, ela e eu sabemos o quanto ela chora e se pune por isso. Nem ela sabe porque as faz, nem ela entende como se mete em algumas das suas confusões. O fato é que ela tem muita dificuldade em dizer não e acaba aceitando muitos absurdos. A negativa é uma opção também, muitas vezes a melhor, mas Roberta às vezes esquece disso. Ela quer aproveitar tudo, ela quer provar tudo, ela quer conhecer tudo e, por muitas vezes, cria teias perigosas que depois a fazem muito mal. Ela precisa parar! Nós duas sabemos disso. Ela até mais do que eu, que estou escrevendo sobre ela agora.

Eu deveria estar escrevendo sobre ela?

Bom, o trabalho é muito importante pra Roberta. Ela, de fato, ama sentir-se produtiva. Mas não queira que ela leve isso tão a sério. Eu não lembro de nada que ela tenha levado muito a sério assim. Preciso pensar mais sobre isso, porque se eu perguntar ela com toda a certeza não vai saber me responder também. Roberta não sabe pensar sobre pressão. Ela simplesmente trava! Fica com um olhar perdido, a boca seca, a cabeça a mil e já começando a pensar em outras coisas pra desfocar. Pressão, sem dúvida, é seu pior inimigo.

Sobre o amor? Ah, cada dia o amor tem uma definição diferente pra ela. O amor já foi palpável, o amor já foi uma energia, o amor já foi o sorriso de uma criança e hoje, pra ela, o amor é um dia de cada vez. O amor é uma construção. Um prédio que você vai levantando tijolo por tijolo com o cimento do respeito e a massa da tolerância. Paciência são os pilares. O amor, pra ela, já não se sustenta mais sozinho. E hoje ela ama tanta coisa, ela ama tantas pessoas, que o conceito de prédio não vem a toa. É pra caber muita gente mesmo, é pra caber todo mundo. Roberta é dessas pessoas que agrega. Ela junta e ama ver tudo junto, todo mundo no mesmo balde.

Talvez, por isso, ela viva sempre tão rodeada de gente. Deve ser por isso que a gente vê ela sorrindo quase que o tempo todo. Quase.

Talvez esse texto sobre ela esteja um tanto quanto óbvio mas, meus leitores, eu posso garantir que não. Porque nada é óbvio quando se trata de Roberta. A gente sempre acha que ela está indo em uma direção e na verdade, quase sempre, ela nos surpreende fazendo o contrário. E por que então, Joanna, escrever sobre ela?

Por que, Joanna?

Por que, Roberta?

A gente, na vida, costuma ter muitos segredos. Coisas que a gente não conta pra ninguém, ninguém MESMO! Roberta sabe que eu tenho esse blog. Ela sabe muitas coisas sobre mim e sabe que eu hoje precisava de um tempo só meu, de uma rede, de um colo, de um motivo pra ter certeza de que vai ficar tudo bem, de uma caneca de chocolate quente com biscoito e geleia de morango. Eu adoro morango.

Mas esse texto não é sobre mim, não é pra falar de mim. Esse texto nem é tão meu. É sobre Roberta, é pra Roberta, eu juro.

Nana.