quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Mais cigarras...

O mundo tá precisando de gente mais leve...
De gente que gosta de gente, de gente que gosta de bicho
De gente que cheira uma flor pelo menos uma vez por semana, mas o mundo tem cada vez menos flores...
O mundo tá precisando de gente que ache menos graça na desgraça, que não goste de sangue e dor
Gente que gosta de sorrir, mas não se importa em chorar
O mundo tá precisando de gente limpa, com a mente, o coração e as mãos claras
Os olhos já enganam demais
O mundo precisa de menos eufemismo, menos cinismo, bem menos
O mundo precisa de gente que olha pro céu e agradece a Deus, precisa de gente que acredita em Deus!
"Os ombros suportam o mundo", mas o mundo não cabe nos ombros
O mundo precisa de mais cigarras e menos formigas
Mais cigarras, menos formigas!

Nana.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Mulheres, chega!

Eu iria fazer textão no facebook, mas se eu detesto ler o dos outros, não seria nada bacana e lógico fazer com que o povo lesse o meu. Então, senhores e senhoras, vai por aqui mesmo, na minha casa.

Recebi ontem o depoimento de uma grande amiga, uma mulher batalhadora, esforçada, bem sucedida, esclarecida, engraçada, gostosa, enfim, uma Mulher com M maiúsculo. E no depoimento ela contou que acaba de sair de um relacionamento abusivo após ter sofrido uma agressão física do então namorado. Namorado esse que se apresentou como um príncipe, educado, gentil, romântico e se transformou num homem possessivo e ciumento. A gente sabe que pessoas não "se transformam". São. E a gente não percebe por uma série de motivos. Mas isso não vem ao caso. O caso é que ele já vinha demonstrando sinais de que a qualquer momento teria atitudes monstruosas e, por amor, por cegueira, por acreditar que o cara iria mudar, que era apenas uma fase, ela foi postergando o fim desse relacionamento.

Queridas, queridas. Chega!!! 

Estamos submetidas a isso o tempo todo, aceitando coisas desse tipo o tempo todo! Ela, óbvio, terminou esse relacionamento, mas fico pensando em quantas de nós se subjuga a isso por anos, por toda uma vida! Relacionamentos que nos diminuem, que fazem com que a gente se sinta presa, pequena, acuada! Não!!!!

Nenhuma de nós precisa passar por isso. Nenhuma de nós DEVE passar por isso. 

Conquistamos nosso espaço, aliás, estamos conquistando a passos lentos porque, cada vez que fico sabendo de uma história dessas, percebo que estamos longe de ter um lugar ao sol!

São ofensas, tapas na alma e no corpo. Violência verbal, física, psicológica. Um jugo pesado, difícil de carregar. Um peso que não temos força pra carregar porque não temos estrutura pra isso. 

Você não precisa se permitir a passar por esse tipo de coisa pra ter um homem pra chamar de seu. Até porque "pertencer" a uma figura que é capaz de fazer isso com você não tem bônus algum.

Às vezes, na rua, vejo cada situação que fico pensando: como alguém se sujeita a isso? E lembro que eu também já me sujeitei. E tô começando a achar que todas as mulheres do mundo já passaram por algo pelo menos parecido! Eu tô falando de mundo, queridas! Nível mundial a coisa.

É grosseria por ciúmes, possessão, raiva, falta de paciência, imaturidade, uma série de coisas que não explicam e nem justificam!

Triste, viu? Tristíssimo!

E eu sei que não é uma coisa de agora. Mas estamos em pleno século XXI, sabe? Tantos avanços, tecnologias, e ainda temos homens que pensam e agem como homens das cavernas. Somos criadas desde pequenas para sermos mães e mulheres que cuidam de casa, estudam e precisam ser bem sucedidas em tudo o que fazem. Nos enfiam uma boneca no colo, um fogão com panelinhas e a gente já cria uma expectativa de crescer, ter essa realidade e idealiza um príncipe (que nos fazem acreditar que existe) pra complementar toda essa felicidade "Margarina Qually". Ok. E aí a gente cresce, amadurece, e o príncipe não aparece. Temos que aceitar os monstros. Desculpa, mas não.

Querida, ame-se mais! Valorize-se! 

Você é linda e importante a sua maneira. Nada e ninguém pode fazer com que você se aproprie do contrário. Eu já fiz isso e digo com todo o fôlego do meu ser: NÃO VALE A PENA!!!

Chega de relacionamentos abusivos,  chega de acreditar que a mulher merece apanhar. Não tá satisfeito com o que tem, querido!? Rala, vaza, mete o pé!

Por mais rosas em nossas salas, por mais jantares a luz de velas, por mais cartas de amor e declarações ao som do violão, por mais beijos e palavras de carinho. Mãos dadas e afeto. Do contrário, diga não.

Nana.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Protocolos facebookianos

Olá queridos e queridas! 

Hoje a tia Jô (adoro bancar a didática) queria conversar com vocês sobre algumas coisinhas pequenininhas que não são muito bacanas. O assunto de hoje é sobre nosso comportamento nas redes sociais, vamos lá? Vamos. 

Existem algumas coisas que não foram explicadas pra nós quando nos deram essa ferramenta tão potente e importante chamada internet. Não é de todo culpa nossa. Jogaram essa bomba nas nossas mãos, sim, porque o celular não sai da mão né? E a gente meio que foi vivendo e se adaptando da maneira que achou que devia. 

Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro que não sou mestre em nada, nem me acho a mais certona em coisa nenhuma. Pelo contrário. Mas existem coisas que não precisa ser muito expert pra saber. Passam um pouco despercebido, prefiro acreditar nisso, e a gente precisa de alguém pra dizer: - ei, não tá legal!

Por exemplo, quando a gente curte alguma coisa no facebook, quando a gente aperta lá pra curtir, é porque você realmente achou o texto legal, a ideia bacana, a foto bonita. Curtir alguma coisa significa aprovação. Eu temo muito pela possibilidade da opção  "não curtir" (dizem por aí que está cada dia mais próximo de existir) porque se existe gente que curte tudo desmedidamente, com toda a certeza desse mundo vai ter algum espírito de porco que vai descurtir qualquer coisa! E, meus caros, o que você curte diz muito sobre você. Muito! As pessoas enxergam as coisas que você curte e isso permite traçar um perfil seu na cabeça de quem te segue. Você permite, você curte. 
E se isso acontece com as coisas que você curte, que dirá com as coisas que você compartilha?? 

Outra coisinha. Quando você posta uma foto deduz-se que você achou ela maneira e resolveu postar. Logo: você foi o primeiro a curtir a foto pra você mesmo, logo: você não precisa curtir no facebook! Curtir a própria foto, curtir o próprio post é ruim demais gente... Eu sei que você pode fazer o que quiser na sua página. Mas se você tiver um pouco de bom senso, eu acho que você vai concordar comigo. E se não tiver também, ok!

Pra não criar inimizades na rede eu nem vou falar das fotos sensuais com legendas Bíblicas, das alfinetadas nos ex qualquer coisa, nas que cismam que o mundo tem inveja delas e nos relacionamentos eternos que duram duas semanas. Pra que né? 


Obs: no Instagram tem um recurso que, tudo que você curte (qualquer foto em qualquer página) todo mundo vê. E tem gente que acessa essa ferramenta e vê o que você está curtindo. Maurício de Souza tá aí pra provar isso pra gente! 😉

Nana. 

domingo, 18 de outubro de 2015

A saia - série biografia

Eu deveria ter vergonha de contar algumas coisas nesse blog. Aliás, melhor dizendo, eu deveria ter vergonha de contar algumas coisas na vida! O correto seria passar por essas situações e guardar pra mim, no âmago do meu ser. Até ficar velha e esquecer. Mas, sério, que graça teria? E se minha vida tem alguma coisa essa coisa é graça. Apesar de parecer muito cagada de urubu (às vezes acredito mesmo que isso possa ter acontecido, mas não lembro de ter visto o bicho sobre minha cabeça) eu sou muito agraciada. Em vários sentidos. 

Mas não vim hoje pra falar sobre a graça que me rege. Não. Vim pra contar mais um causo tosco dessa minha vida de meu Deus. 

Eu sempre tive muitos problemas ao usar saias. Sempre! Nunca tive modos suficientes pra saia, vestido. Minha mãe vivia gritando pelo mundo "Olha os modos, você está de saia! Senta direito, garota!". Não que eu sentasse totalmente à mostra, mas minha noção de modos e decência sempre foi um pouco, digamos, distorcida. E as saias e vestidos só dificultavam tudo. 
Passei por algumas boas por causa disso, mas a que vou contar hoje, sem dúvida, foi a mais marcante. 

Eu trabalhava numa empresa (nada de nomes) e as salas eram compostas por divisórias e janelões de vidro, o que permitia que um visse a sala do outro. Eram três salas assim, mas duas ficavam de frente uma para a outra. Eu ficava em uma delas com a minha chefe. Na outra ficava o responsável pela TI e a moça do Comercial.

 Um dia decidi ir de saia para o trabalho, como em outras muitas ocasiões. A saia não era longa e nem curta; beirava a altura do joelho e era muito rodada, tinha muito pano. Verde, com uns detalhes que não sei explicar o que eram. Não era bonita, o que me dá ainda mais raiva. Eu não tinha motivo para usar aquilo, mas usei. Naquele dia. 

Depois do almoço, no horário da tarde, eu fui ao banheiro pra escovar os dentes e fazer xixi. Nada demais. Fiz o que tinha que fazer e voltei pra minha sala. Parei em frente à mesa da minha chefe pra conversar sobre algo que não lembro, quando ela apontou pra sala do lado e mandou eu olhar. O cara da Ti estava deitado em cima da mesa rolando de rir, literalmente. Roxo, passando mal, chacoalhando as pernas e rindo muito alto. A minha chefe deu um grito quando virei: ABAIXA ESSA SAIA, GAROTA! 
Tava tudo embolado. A saia grudou na calcinha de uma maneira Murphyana só pra me fazer passar aquela vergonha. Eu não senti um vento acusador sobre os fundos que me fizesse perceber que eu estava com a bunda toda de fora. Toda não, exagero. Metade dela. Que fosse 1/4! Era minha saia embolada na calcinha, o que já deixa tudo muito triste. 

Os dois rindo absurdamente e eu querendo sair dali, mas fingi que tava engraçado também. Não tinha outra opção. Ficamos os três rindo, mas meu riso era diferente com toda certeza. Depois, sem graça, o cara veio dizer que não viu nada. Que só viu que estava embolado, mas eu sei que ele viu. Nós dois sempre soubemos. Mentir  piorou as coisas porque justificou o injustificável. 

É, Meus queridos. Não foi fácil. 

Ainda uso saia e vestido, se interessa saber. Mas depois desse dia, apenas com short por baixo. Nunca mais me dei ao luxo de me permitir passar por essa situação de novo. Não posso e não quero. Tô contando aqui porque no dia que eu morrer, quero que lembrem de mim e deem boas e longas gargalhadas. Mesmo que seja da meia banda da minha bunda de fora. 

Nana. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O ônibus - série biografia


Olá! Como vai, tudo bem?
Não quero saber não. Perguntei só por educação mesmo...

Então, quem me conhece sabe que eu sou a rainha de dormir nos ônibus desde sempre. Me jogo mesmo, de sonhar. Sempre tive uma vida muito corrida, morando longe de faculdade, estágio, trabalho. E o tempo que eu tinha pra relaxar e dormir na condução, eu dormia mesmo.

Nessa época, da história de hoje, eu morava na Penha, estudava na Urca e fazia estágio em Ipanema. Estava morta de cansada, semana de provas, estágio bombando... Saí do estágio em Ipanema, fui até o ponto final do 484B. Sentei naqueles bancos mais altos, só que os bancos mais altos do 484B são bem mais altos mesmo. Mais altos do que todos os bancos mais altos do mundo! Sentadinha, no ar condicionado, no banco mais alto do mundo e num trânsito infernal, eu dormi. Apaguei. 

Poderia ser linda a história se eu tivesse permanecido assim, desse jeito, até chegar em casa. Mas não, claro que não... 
Num determinado ponto de Copacabana (eu não sei exatamente o que aconteceu) mas o ônibus deu uma freada giga, dessas que as pessoas se machucam e tal. E eu, sentada no banco mais alto, dormindo horrores e sonhando com sabe Deus o que, voei. Se eu der detalhes desse momento eu vou estar mentindo, porque eu não lembro e não sei mesmo. Estava dormindo! E quando acordei estava voando por cima do cara que estava sentado no banco menor na minha frente e parando com as pernas pra cima e a cabeça entre as pernas dele no chão. Ele gritava algumas coisas como "EITA, EITA!" "TÁ DOIDA MOÇA!?!?" "LEVANTA MULHER!!" Dentre outras. 

O ônibus estava relativamente cheio, eu de cabeça pra baixo e ele gritando e me empurrando. Não foi legal pra ele, mas também não foi pra mim. Hoje acho que ele se machucou mais do que eu, ou foi o susto dele que foi maior, não sei. Ou as duas coisas. Eu sei que ele me xingou muito. Reclamou de dores no pescoço, me chamou de louca inúmeras vezes. 

Eu não sou louca e tampouco fico me atirando por cima das pessoas nos ônibus. Acho, inclusive, que ele estava nervoso e descontou tudo em mim. Eu estava só dormindo, cansada, em mais um dia no coletivo... Também me machuquei, me assustei e passei maior vergonha! Cara grosso! 

Vou dar o exemplo de uma pessoa mais compreensiva através de outra história. 
Eu estava na mesma situação, cansada voltando do estágio. Dormi, sonhei, a mesma coisa. Mas estava tão fofinho, tão gostoso. Tão parecido com meu travesseiro, sabe? Quando abri os olhos, eu estava encostada na barriga do moço que estava em pé do meu lado. Morrendo de vergonha eu pedi desculpas! Mil delas! E, gentilmente, ele me respondeu: "você está cansada, não tem problema.. Pode ficar a vontade". 

Tá vendo gente!? Pessoa ótima e compreensível.
Se todos fossem no mundo iguais a esse moço que doa sua própria barriga pras pessoas cansadas no ônibus.. O mundo seria bem mais bonito. Bem mais legal de se viver! 

Nana. 

sábado, 1 de agosto de 2015

A mochila - série biografia

Eu vou, mas eu sempre volto.
E hoje pra mais uma da série biografia. Se eu estiver enchendo o saco com minhas histórias bizarras, por favor, me avisem que eu paro! Vocês tem todo o direito de se meter nisso aqui! 

Na história de hoje eu tinha, sei lá, uns 9 anos...? Quantos anos se tem quando se está na terceira série? Não me lembro.. Mas era bem criança. E desde criança essa coisa de sentimento não dá muito certo pra mim. Acho que de tanto cantar aquela música da Mara Maravilha e profetizar carência, fingindo que tá tudo de boa, a coisa pegou e encalacrou na minha história! 

Enfim, eu estava na terceira série e fiquei muito amiga de um menino. Meu pai sempre disse que não existe amizade entre homem e mulher. Eu sempre discordei, mas já caí algumas vezes nessas ciladas que o amor apronta e tive que dar o braço a torcer, em alguns casos. 

Nós fazíamos bastante coisa juntos. E ficávamos bastante tempo juntos. Ele gostava de Bob Marley e eu passei a gostar também. Ele gostava do Taz Mania e eu comecei a amar também. Ele curtia a banda Pantera e eu fingi que gostava também. Pantera não deu pra amar de coração, sabe? Mas quem nunca, né? A gente se apaixona e fica boba, besta, cede... 

E nessa ficamos por um bom tempo, até que eu tive a brilhante (só que ao contrário) ideia de me declarar. Resolvi que aquele amor não podia mais ficar escondido. Decidi que eu era uma pessoa madura (cof) e que me esconder atrás de uma amizade não nos tiraria daquela zona de conforto. Sim, meus caros, eu pensei isso. E depois de decidir isso dentro de mim, comecei a pensar em como faria para que ele soubesse disso tudo. 

A forma mais prática seria chamar ele pruma conversa madura (eu tô rindo, juro) e falar pra ele: "meu querido, tô gostando de vc!". Mas O QUE na vida dessa pessoa que vos fala é prático? O que? Pensei pensei pensei... Pensei mais... E num rompante inusitado esperei que todos saíssem no intervalo da aula, peguei a mochila jeans dele e escrevi de caneta vermelha: EU TE AMO! ASS: JOANNA. E mil corações em volta pra parada ficar bem romântica. Lindo né? Seria... Mas a história é minha, não esqueçam disso! 

Voltaram todos do recreio e eu, sentada, na minha, fiquei esperando pra ver a reação do querido. 

Gente, quando o garoto viu a mochila......... Foi um grito só que ecoou nos quatro andares daquela escola imensa: QUEM RABISCOU MINHA MOCHILA?????? Rabiscou, gente... 
A sala toda ficou em silêncio. E ele continuou gritando querendo saber porque tinham rabiscado na mochila dele e quem foi que cometeu tal absurdo. Eu tinha assinado, Brasil! Tava claro! Tava nítido! Tava na cara! 
A professora foi ver o que estava escrito e a tapada começou a dizer: "ainda colocaram o nome da Joanna!!! Quem fez isso?"

Eu queria morrer. Queria matar. Queria enfiar a caneta vermelha nos meus olhos e nos olhos dele e da professora. Ficou aquele silêncio mórbido. Meu coração parecia que ia pular pela boca de tanto desespero. Em nenhum momento cogitaram a possibilidade do óbvio! Nenhum! Até que a professora começou a gritar que se o culpado não se acusasse, todos ficariam de castigo, ou alguma coisa assim. Não lembro; tava nervosa demais pra prestar atenção. Só lembro que as ameaças eram sérias, porque a turma toda começou a se manifestar, pedindo pra que o culpado se posicionasse logo ou ganharia a antipatia de todo mundo. 

Eu não esperei muito. Tive coragem de escrever, tive coragem de me entregar. Posso ter muitos defeitos, mas eu sou bem corajosa. Faço. Assumo. 
Levantei a mão e disse: "fui eu. Eu escrevi. Eu assinei."

 Pasmem, duvidaram! Falaram que eu estava me acusando pra defender alguém que não queria fazê-lo. Repeti umas cinco vezes até a voz ficar mais grossa de ódio e vergonha e ele e a professora caírem em si de que eu estava falando a verdade. 

Nunca mais nos falamos como antes. A amizade acabou e cada um seguiu seu rumo. E se posso tirar alguma lição  disso tudo eu digo, JAMAIS se declarem. A não ser que você tenha CERTEZA que tem alguma chance, porque, do contrário, não vai dar certo. E pode não apenas não dar certo, pode dar MUITO errado! Ah, outra lição também... Quando forem escrever qualquer coisa na mochila de alguém, jamais, jamais, JAMAIS assinem! 

Nana.


segunda-feira, 8 de junho de 2015

A amiga - série biografia

Tá chegando o aniversário de uma amiga muito especial. A maneira como nos conhecemos, o jeito que conduzimos nossa amizade e o que temos hoje, fruto de todo esse tempo, é especial. 

E depois de tantos anos de amizade é lógico que temos uma penca de histórias pra contar! Mas eu escolhi uma, a pior pra mim.

Eu tinha 14 anos e ela 15. O juízo, o pouco que tinha, era só meu. Ela não tinha nenhum. 

Ela tinha uma casa em Iguabinha e fomos passar o Carnaval lá: eu, ela, a irmã mais nova, o pai, a mãe e os duzentos cachorros que eles tinham. Não To exagerando! Juro! Talvez uns cinquenta a menos... Talvez. Íamos a praia, dormíamos a tarde toda, brincávamos com os cachorros... Até que numa noite o pai dela resolveu levar a gente pra Araruama a noite. Tinha um parque pra levar a pequena e um palco com show pra nós duas. 

- Onze horas eu quero as senhoritas no carro, ouviram? Onze horas! Se não estiverem lá eu vou embora. 

Eu sabia que ele iria. E por isso repeti mais de quinhentas vezes ONZE HORAS! Ok. Vamos pro show.

Durante as apresentações o carinha que narrava o que ia acontecer anunciou o início de todos os males: "e daqui a pouquinho, aqui no palco... Swing e Simpatia!"... Pronto. Ela me olhou com aqueles olhos que eu sempre tive muito medo. Eu só conseguia dizer: ONZE HORAS! 

Queridos... O raio do show não começava e eu comecei a ficar nervosa! Deu quinze pras onze e nada de swing muito menos simpatia! Faltando cinco minutos pras onze (exatamente isso) começou a cair uma chuva! Mas uma chuva!!!! Eu gritava pra irmos pro carro e ela nem ai pra mim.. No meio daquele aguaceiro sambando feito louca. E eu imaginando o cinto do tio sambando na gente... A chuva passou umas onze e vinte, e de tanto eu insistir pra irmos pro carro, ela aceitou. Cadê o carro? CADÊ? 

Eu quis chorar, quis bater nela, quis bater no apresentador do show... Mas só consegui ficar em pânico. Foi quando ela com toda a calma que sempre teve me disse: - Amiga, já era! Vamos pro show.. Quando acabar vamos embora...

Meu pai sempre disse "o que não tem jeito, ajeitado está". 

Saímos de lá duas horas da manhã e fomos pro ponto de ônibus. 

- Tatiana, quanto vc tem de dinheiro pra gente ir de van? 

- Não tenho dinheiro! 

- Nenhum?????? Nada????

- Nada! Vamos pedir carona.

Se eu tenho essa cara de criança hoje, imagina com 14 anos, sendo realmente uma criança? Fomos de ônibus em ônibus pedindo peloamordedeus pra alguém levar a gente embora por dó, piedade... Até que um motorista se compadeceu e fomos embora.

- Onde temos que descer? 

- Não sei direito.. Mas acho que eu lembro. 

ACHO! 

Descemos no meio da estrada, na madrugada. Aquele som de mil bichos cantando sabe Deus o que! Eu olhava pra lua e só conseguia pedir a Deus pra sair viva daquilo ali! Ela ria sem parar! Um riso desesperado, aflito, agoniante. Andamos por horas! Eu já estava achando que ela não sabia onde estávamos, de tanto que andamos. Na verdade eu não lembro se nos perdemos...

Chegamos em casa. E os mil cachorros??? Entramos mais do que na ponta dos pés. Entrou a alma primeiro, depois o corpo. Os cachorros sentiram a tensão, o desespero e nenhum deles latiu. Milagre. 
Entramos em casa e a mãe dela esperava a gente acordada com olhos imensos. Loucas, malucas, insanas, foram alguns dos adjetivos. 

- Vem ver seu pai como tá! 

O tio estava dormindo abraçado no cinto. SÉRIO! Abraçado no cinto, Brasil!

Eu só queria dormir, mas ela ainda foi fazer lanche. Muito destemida cara! 

E é isso que ela é! Tudo isso. Impulsiva, determinada, inconsequente, destemida, louca! E é por isso e por tantas outras coisas que eu a amo tanto e insisti nessa amizade. Insisto até hoje. Porque quero estar sempre por perto, amiga. Na chuva, no sol, na estrada, na vida, no Swing e Simpatia! 

Nana.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Saindo da rotina. Um de meus escritos...



Um homem bateu em minha porta e eu tive medo, não entendi, fiquei em dúvida, mas abri.

E sempre quando abrimos uma porta, coisas entram, coisas saem por ela.

E ele, lindo, imponente, doce, orgulhoso, despretensioso, entrou.

E, senhoras e senhores, eu coloquei as mãos no chão. Os pés pro alto. O coração nas nuvens.

Senhoras e senhores eu pulei de um pé só em um abismo escuro, deserto, quente e cheiroso. Pulei. Saltei. Me joguei.

Senhoras, e senhores também, eu tive que girar pra conseguir entender, pra conseguir enxergar que ali não era meu mundo. Ali não era meu lugar. Ali nada era meu.

E hoje?

Hoje, senhoras e senhores, ele não está mais aqui.

O abismo sumiu e tudo que temos é raso. Superficial. Nada tão intenso.

Hoje, estamos eu e meu coração sem um teto, sem calor, sem chão.

No olho da rua.

Nana

sábado, 7 de fevereiro de 2015

A praça - série biografia

Pensaram que tinha acabado? Naaaao, é muita história cagada pra pouca pessoa rs 

Essa história, particularmente, eu não acho engraçada. Senti vergonha, medo. Mas vamos lá...

Fiz uma viagem pra Minas com uma galera e, na volta, vim tendo uma DR necessária. Já disse que não vou citar nomes, mas quem é sabe. E a conversa realmente durou todas as horas da viagem. Horas, falando, ouvindo. Um sono que não cabia dentro de mim, mas não tinha outro jeito. 
Chegando no Rio, pensei: não vou pra faculdade. Vou tirar aquele soninho gostoso sem hora pra acordar e depois vou pro estágio direto! PRECISO dormir! 
Mas como tudo na minha vida não acontece como eu planejo, em casa minha mãe armou um barraco por eu não querer ir pra aula. Conspiração, sabe!? E, sem forças pra discutir, eu fui.

Dormi a viagem inteira; da Penha ao Rio Sul, mas não foi o necessário. Quando desci do ônibus (tendo que andar uns 15 minutos até a Urca) meu corpo não estava respondendo. Minha vontade era deitar no meio fio e dormir ali mesmo. Eu ia desmaiar de sono, e não estou exagerando. Não conseguia andar direito, meus olhos fechando. Foi quando lembrei que tinha uma pracinha atrás do Rio Sul. Uma pracinha que poucas vezes vi frequentada por alguém. 

Fui cambaleando até lá. Achei um banco, limpo, vazio, meu. Ajeitei a bolsa, deitei a cabeça sobre ela. Ajeitei o corpo, a saia longa pra não aparecer nada, caso alguém aparecesse. Umas duas pessoas, talvez brotassem ali. E dormi. 

Queridos, eu dormi. Mesmo. Sonhei. Babei. Rolei.

Acordei 5 horas depois com o gari batendo o cabo da vassoura na minha perna

- Tá tudo bem moça? Tá passando mal?

Minha bolsa estava molhada, meu cabelo amassado, meu rosto marcado, a saia lá encima, tudo torto. As crianças da praça estavam me olhando. O gari ainda parado esperando uma resposta. Eu levantei aos poucos, tentando parecer bem. Fui pegar os óculos escuros pra tentar esconder a vergonha mas eles estavam quebrados. Em três partes. Levantei e fui andando / me ajeitando pro ponto. Podia sentir os olhares das crianças, das mães e do gari me acompanhando. Me julgando.
No estágio perguntaram se eu tinha sido assaltada. Eu nem respondi.

No dia seguinte, na faculdade, uma amiga veio contar:

- Cara, ontem vi uma menina muito bêbada, arrasada dormindo no banco da praça do Rio Sul. Parecia muito com você Joanna! 

- Era eu. 

Nana.