quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

38 fatos sobre 38 anos

eu sei montar móveis

amo ler a Bíblia

eu tenho amigos que mantenho desde os 3 anos de idade

sei fazer churrasco

tenho ensino superior

nunca fui presa

trabalho em um emprego que gosto e que me faz bem, com pessoas que eu amo

já peguei um ex bbb

sei todas as coreografias do é o tchan

cuido bem das minhas plantas

cuido bem das minhas pessoas

meus ex não me odeiam

as crianças me adoram

tenho bom gosto musical (ok, há controvérsias)

sei nadar

sou uma boa vizinha

minha comida é uma delícia

eu choro lendo livros

eu choro vendo novelas

eu amo assistir novelas antigas

tenho compulsão por capinhas de celular

hoje tenho 9 tatuagens

meu livro favorito é Dom Casmurro; e a Capitu não traiu o Bentinho

não gosto das suculentas quando crescem, só gosto enquanto estão pequeninihas

lírio é minha flor favorita

amarelo é a minha cor preferida

odeio bife a parmegiana

limão me dá alergia

sou apaixonada pela Frida Kahlo

tenho a boca muito suja, mas meu coração é limpinho

quando fico bêbada eu imito um gato vomitando. Idêntico

nunca mais eu bebo gin

tenho pânico de gente lerda

eu tomo banho quente no verão

to tentando escrever um livro há anos

ouço música enquanto tomo banho

meu riso é frouxo e alto e de verdade

eu nasci em 1984


Nana.







sábado, 19 de fevereiro de 2022

Casa de marimbondo

   Onde eu moro tem um hall de entrada, como se fosse um corredorzinho só meu, visto que aqui no prédio tem um apartamento por andar. E nesse hall ficam a casinha do Bóris, casinha essa que nunca foi utilizada, os sapatos que tiro quando chego da rua - nunca, jamais, entro de sapatos sujos em casa-, um capacho e um quadro de "boas vindas" com os dizeres: "sinta-se em casa, mas lembre-se que não está". E nesse hall de entrada tem uma janela de vidro que eu costumava deixar aberta para arejar o ar do corredor do prédio. 

   Essa é a porta de entrada da minha casa. A única forma de entrar nela, no meu refúgio, meu lugar seguro. E estava tudo bem durante todos esses anos. Até que... bem, até que um marimbondo entrou pela janela e ficou ali, paradinho. No primeiro dia que eu o vi eu tive medo, receio de que ele voasse na minha direção, de que se sentisse ameaçado e viesse me ameaçar. Defesa, sabe? Instinto. Mas não. Ele ficou ali parado, me observando enquanto eu tirava meus sapatos sujos de rua e observava ele. Nos encaramos por alguns minutos, eu entrei, ele ficou.

   Eu não sei por quantos dias mantivemos esse contato. Foram alguns, não muitos, O fato é que ele continuava ali e eu perdi o medo. Já não me importava mais dele estar parado me olhando enquanto eu tirava os sapatos, porque eu tinha certeza de que assim ele permaneceria. Ai, Joanna. Você e suas certezas.

Até que um dia eu abri a porta para sair de casa e vi que ele estava sobre uma coisa meio estranha, umas casquinhas brancas, sei lá. Ignorei. Segundo dia, mesma posição, mesmas casquinhas, mesmo sapato fora do pé, mesma despedida. Próximo dia. Passou um tempo, não lembro quanto (eu preciso me atentar mais aos detalhes, cara. Questão de sobrevivência; porque não pode se ignorar os detalhes e eu vivo os ignorando) e numa tirada de sapatos eu pude ver; tinha uma casa de marimbondo ali. Uma casa na minha casa e eu não percebi que isso vinha sendo construído. Eu simplesmente não percebi, como muitas outras coisas que passam batido bem na ponta do meu nariz. Bem no corredor de entrada da minha casa.

   Aquele bicho se aproveitou da nossa relação de confiança. Ele simplesmente tomou pra ele um lugar que era meu! Eu o deixei em paz, eu não o importunei, respeitei seus espaços cedendo um pouco do que era meu!! E agora esse golpe! Essa quebra naquilo que tínhamos como seguro, eu e ele! Por que fez isso comigo?? Por que não continuar como estava e caminhar, talvez, pra uma relação ainda mais confiante e conveniente pra nós dois? Por que não fazer seu lar em outro lugar e manter as visitas apenas pra que a gente soubesse que um tinha o outro ali? Muitas questões, todas sem resposta.

   O fato é que tinha uma casa na minha casa, sem a minha autorização, sem que eu ao mesmo soubesse que aquilo estava sendo feito, sem um aviso prévio, sem consideração. E eu precisava fazer alguma coisa. Não fazer nada também é fazer alguma coisa, mas eu não podia. Qual tamanho aquela casa poderia ter depois de algum tempo mais? Já estava enorme! Uma casa na minha casa? Não! Construir seu lugar seguro e tirar a minha segurança? Não! Não! Não!

   Eu demorei muito pra entender sobre limites, muito. Aprendi sobre espaços e direitos um pouco tarde, com dor, carregando cicatrizes desses aprendizados. Eu sempre achei que era possível dividir minha casa. Por que não? Eu sempre achei que podemos ser melhores quando damos um espacinho pro outro se sentir acolhido dentro daquilo que construímos de seguro pra nós. Mas os marimbondos não respeitam essa relação de troca. Eles fazem suas casas, trazem suas famílias, seus medos, inseguranças pra dentro desse lugar e nos ameaçam naquilo que era nosso! Eu aprendi na marra que isso não é justo. Comigo!

   Me cobri de coragem, peguei uma vassoura, prendi meu cachorro. Essa luta era minha. Derrubei a casa, o marimbondo e fechei  a janela. Rápido. Num golpe. Em segundos. Ele voltou e ficou batendo na janela. Batendo, batendo... e eu fechei a porta. Não quis ver. Não quis entender se aquilo era uma despedida ou um pedido de desculpas, ou ódio pela minha decisão de não querer mais. Eu fechei a porta e pronto. Todos os dias o marimbondo vem na janela da minha sala. Eu sei que é ele, mas a janela está fechada. Ele não entra mais. Não tem mais perigo. E que esse e qualquer outro marimbondo jamais esqueça do que está estampado, bem grande, na minha porta: sinta-se em casa, mas lembre-se que não está! 


Nana.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Vacinadah 💪

 Enfim, VACINADA!


    Já faz algumas semanas que, enfim, consegui me vacinar contra a Covid-19! E, meus leitores, eu não sei nem descrever pra vocês a sensação de alívio. Ainda é só a primeira dose (falta a segunda que irei tomar em Agosto), mas a felicidade de sentir que um pouco de proteção contra esse vírus terrível entrou dentro do corpo é algo indescritível!

    Estamos há mais de um ano vivendo esse pesadelo de pandemia e eu acho que já passei por todas as fases que poderia enfrentando esse momento. Já tive períodos de frenesi extremo, tristeza absoluta, depressão, felicidade inexplicável, tudo isso num espaço de tempo curto entre um sentimento e outro. Muitas pessoas já desistiram do isolamento, outras sequer viveram isso. Risos. Mas se você, de alguma forma, qualquer forma, não se sentiu afetado por tudo que está acontecendo, você precisa rever algumas coisas na sua vida. E eu tô falando muito sério. Hoje são 487 mil mortos só no Brasil! Não vou nem contar nos outros países porque só os números daqui já são assustadores o suficiente. Muitas pessoas desempregadas, outras que perderam entes queridos. Algumas pessoas perderam toda a sua família. 

    E como que fica alheio a tudo isso?

    Mas enfim...

    O fato é que estamos vendo uma luz, mesmo que pequena, no fim desse túnel tenebroso. Nessa semana, nos EUA, eles comemoraram o fim das restrições por conta do vírus com fogos e festa. Senti inveja, óbvio, e a sensação de que nem tão cedo desfrutaremos da mesma alegria. Ainda falta muita gente pra se vacinar, muitas pessoas não estão voltando pra tomar a segunda dose da vacina, ainda muito caos por aqui.

    Esse post deveria ser de felicidade e comemoração por conta da vacina e tudo mais, só que ando naqueles baixos dos altos e baixos que descrevi há pouco. Zero vontade de escrever, não consigo me concentrar em absolutamente nada. Já perdi as contas de quantos livros e séries eu desisti no meio do caminho. Tenho feito um esforço gigantesco pra permanecer "de pé". Mas eu sei que isso vai passar! Tem que passar, não é possível que não passe! 

    O primeiro passo já foi dado! Primeira dose no braço, com data marcada pra segunda. Primeiro motivo pra comemorar! Uma etapa importante nesse processo todo.

    Vacinem-se! Cuidem-se e cuidem dos seus. USEM MÁSCARA e Fora Bolsonaro!


Nana.


sábado, 27 de fevereiro de 2021

Organizem seus arquivos

O mundo está bem louco, meus leitores. Cada dia mais.

Muitas das vezes até a visão que temos de nós mesmos, dos nossos desejos e anseios, do que somos, do que queremos, é bem turva. E, realmente, quando nem você sabe o que quer, quando nem você conhece a si mesmo, é difícil esperar que alguém o faça ou que você entenda a visão dos outros sobre você. Tá confuso? Acho que sim. Vou tentar melhorar.

Eu, como qualquer outra pessoa, já passei por muitas e péssimas na minha vida. Mentira, tem gente que não viveu nem metade do que vivi e graças a Deus por isso. Primeiro porque detesto competir desgraça e, segundo, porque não desejo isso pra ninguém. Mas todo mundo tem seus problemas, suas dores, seus traumas, suas feridas. TODO MUNDO!! 

E num determinado momento da minha vida, afogada nessa lama de situações ruins, eu me vi total e absolutamente perdida. Eu não me reconhecia mais. Não sabia mais do que eu realmente gostava, quais eram as minhas reais convicções. Quem me conhece de poucos anos pra cá, me vendo hoje, é incapaz de acreditar que passei por um momento como esse, mas sim, eu passei. Lembro que um dia, nessa fase péssima, fui a um encontro de ex alunos da escola que estudei do maternal até a 8ª série. Lá encontrei amigos que me conheciam desde os 4 anos de idade! E eles falavam de mim, coisas sobre minha personalidade, sobre meu jeito de agir e lidar com certas situações, que eu não lembrava mais. Eles iam falando e contando suas visões sobre mim e um clarão ia se abrindo na minha frente. Como se um grande espelho fosse colocado ali, diante de mim, para que eu pudesse voltar a me enxergar. Foi uma experiência que me marcou muito! Saí de lá pensando tantas coisas, lembrando de tantas coisas e buscando outras pra formar meu eu que estava perdido. Mas só aquelas horinhas com eles não foram suficientes. Talvez, ali, fosse apenas o começo de tudo. O botão que precisava ser apertado para que eu entendesse que realmente eu não estava nada bem.

A gente vai vivendo, se atropelando, começando dia e acabando dia e muitas das vezes a gente não consegue cuidar da gente. Cuidar no sentido literal da palavra. Ter o cuidado de se olhar e perguntar: do que você tá precisando agora? Não vou mentir pra vocês. Quando eu mais precisei, eu não me fiz essa pergunta. Quando eu não aguentava mais, quando eu não me reconhecia mais, um anjo apareceu na minha vida e me ofereceu ajuda. E o que ela tinha pra me oferecer iria mudar minha vida pra sempre. 

Comecei a fazer terapia.

E, meus leitores, mudou tudo! Tudo, tudo, tudo! Pode parecer exagero - e eu sei que sou mesmo exagerada - mas não.

Foram alguns bons anos revirando minhas gavetas e organizando meus arquivos emocionais (como minha terapeuta costumava dizer). Era botar tudo pra fora pra poder arrumar. E eu o fiz. De coração aberto. De mente escancarada. Eu me permiti sentir e dizer e tentar resolver toda aquela merda. Anos de merda. Minhas, dos outros, merda que os outros jogaram em mim e que eu joguei num monte de gente também. Cada consulta espetava uma ferida diferente e me fazia sangrar, sentir dor, mas enxergar coisas que eu jamais enxergaria sozinha. E nem sempre eram flores e "eurekas". Em várias consultas eu sai de lá não concordando com absolutamente nada e achando tudo uma grande viagem, um grande devaneio.

- Essa mulher não me conhece! Tá falando besteira! Sabe nada da minha vida!

E às vezes passavam algumas horas, noutras alguns dias, mas a ficha sempre caía... e doía viu? E eu voltava a pensar "não é que ela tinha razão?". Horrível gente. E um alívio.

O que eu quero dizer com tudo isso? Você deve estar se perguntando. 

Meus problemas, meus traumas, meus medos não acabaram. Ao contrário. Mas hoje eu consigo lidar com eles de uma forma que não me machuca mais; ou machuca muito pouco. Hoje eu sei exatamente quem eu sou e pra onde estou caminhando. Hoje eu só vivo o que eu me permito! Pode parecer pouco pra você, mas pra mim significa tudo. Dizer não, me afastar, me aproximar, perdoar, me perdoar e seguir hoje fazem parte da minha vida de uma maneira natural, como respirar. Não foi assim por muito tempo.

Então, meus leitores, por um mundo menos louco, façam terapia. Para entender suas dores e para parar de machucar os outros, façam terapia. Para entender seus limites e para recomeçar façam terapia. Para acalmar a mente, respirar com calma, para ver uma luz onde só tem escuridão, façam terapia. Meus leitores, invistam em vocês mesmos e na sua saúde mental. Se reconectem, se reconheçam, se perdoem, se entendam.

Revirem suas gavetas e organizem seus arquivos emocionais. 

Façam terapia.


obs: Obrigada Ellen! Pelos anos de ajuda, pela paciência e por me acolher no processo que eu precisei passar para me re-conhecer. Serei eternamente grata por tudo. E que Deus continue abençoando sua vida e te capacitando para que você possa ajudar na organização do arquivo de outras pessoas. 💓


Nana.






terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Em casinha 💗

    Hoje é dia 08 de dezembro de 2020. Um marco na minha vida.

    Lembro direitinho, há cinco anos atrás, eu deitada num edredom dobrado ao meio, no chão da sala escura (porque ainda não tinha ligado a energia do apartamento), num travesseiro velho emprestado, tal qual o edredom.

    Chovia. Muito.

    Lembro de olhar pela janela praquela tempestade de raios e trovões e, mesmo com muito medo - sim, tenho medo de tempestade - agradecer. As lágrimas escorrendo pelo rosto de tanta gratidão e paz. Deitada no chão da sala ainda vazia.

    Faz cinco anos que decidi morar sozinha e vocês talvez não tenham noção da real mudança que isso trouxe pra minha vida. Foi desse dia em diante que decidi pagar pela minha liberdade, pela minha paz. E, meus caros, nada é tão caro quanto a sua paz. Quanto você poder respirar aliviada, ter seu canto, seu lugar, seu refúgio. Pra muita gente isso não vai fazer o menor sentido, mas pra muita gente isso vai significar tudo. Muitos leitores, que aqui vem, vão entender exatamente do que estou falando.

    Eu lembro, com muito orgulho, de cada conquista. Do sentimento que me acometeu no momento em que peguei as chaves da quitinete que seria minha por dois maravilhosos anos. Eu não tinha praticamente nada. Uma cama, um armário velho que fora remontado pela terceira vez (e ainda inteiro porque nunca foi sorte, sempre foi Deus), um rack e um micro-ondas. Essas eram as minhas posses. 

    Minha primeira aquisição foi uma geladeira usada desde o descobrimento da energia elétrica. A bicha era torta, envergada pra direita, amarelada e gelava mais que o suficiente. Coloquei uns adesivos nela pra melhorar o aspecto e foi ela que me serviu durante esses dois primeiros anos. Pra mim ela era maravilhosa! O fogão eu ganhei de uma amiga muito querida e com ele estou até hoje. Mas esqueci que pra usar o fogo tinha que ter gás e, por conta desse ato falho, só fui estrear o fogão um mês depois. Não tinha grana pro gás até então. E estava tudo bem! Vamos de comida de micro ou açaí!

    Nas janelas, sem cortina, coloquei papel de presente do Papai Noel, pra ninguém ficar bisbilhotando pela janela. Usei desse improviso até uma outra amiga me presentear com uma cortina (que uso até hoje em um dos quartos do meu, então, apartamento).

    A TV também era emprestada e o volume não funcionava muito bem. Começava bem baixinho e ia "esquentando" até estabilizar o volume normal. Durou três anos até explodir. Sim, ela explodiu na Copa e ai comprei uma nova. Smart. Olha que chiqueza!

    O sofá veio bem depois da mudança. Até então quem vinha me visitar sentava na cadeira de praia e no edredom. Aquele do começo do texto, lembra? Era ele meu sofá. Depois comprei um bem legal pago em 10x sem juros que já tá na hora de ser trocado, inclusive.

    Lembro dos primeiros perrengues que passei com insetos, da barata que "bati" na máquina de lavar, da vizinha que derrubava tudo na minha área de serviço (tem um texto aqui no blog falando sobre isso), de uma vez que quis usar azeitona e não conseguia abrir o vidro de jeito nenhum. Fiquei com tanta raiva que quase joguei no chão e catei as azeitonas. Não fiz por um triz... juro.

    A decoração do apê eram três quadros velhos que peguei de alguém que não quis mais. Só. Não era minha prioridade na época e eu sabia que seria momentânea aquela primeira fase. Que com o tempo eu iria conseguir fazer as coisas do meu jeitinho. 

    Tempo... a gente precisa saber esperar e saber entender que ele passa. Sempre passa. 

    Hoje, cinco anos depois, não tenho mais quase nada daquela primeira fase, daquela primeira quitinete. Poucas coisas sobraram; a maioria eu troquei, comprei novo. Respeitei meu tempo, respeitei minhas limitações. Respeitei minhas condições sempre acreditando que as coisas iriam melhorar. E melhoraram! Minha casa é linda! Toda decorada do meu jeitinho com muito investimento do meu dinheiro de férias e 13º na Praça 2 e no Ponto Frio. Eu entro, hoje, na minha casa e me reconheço, me encontro, me refugio. Renovo minhas forças e energias.

    Ainda tem um monte de coisa que quero fazer, claro! Mas se parasse por hoje já estaria satisfeita. Na verdade, se parasse naquele dia, deitada no edredom no chão da sala também. Vocês podem achar que estou exagerando, mas não estou. Como eu disse, só eu sei o que esse teto sobre a minha cabeça significa pra mim.

    Tô fazendo esse texto hoje pra comemorar esses cinco anos de luta, de paciência e de coragem. Estou escrevendo, também, pra me lembrar que nada é impossível. Que eu quero e posso ser e fazer o que eu quiser com paciência e foco. Ah, e também resolvi escrever tudo isso por você. Sim, você, caro leitor, que precisa entender que dar o primeiro passo é preciso. Ninguém aprende a correr sem antes andar. E se você, como eu, não nasceu num berço de ouro e precisa correr atrás dos seus rolês sozinha(o), você precisa entender que os passos vem um de cada vez... um depois do outro, mas é preciso sair da inércia! 

    Talvez pra você os primeiros passos sejam bem tranquilos e suaves. Numa casa própria, ou num lugar com mais conforto. Mas talvez seu começo seja exatamente como o meu; com uma geladeira torta pra direita, com edredom como sofá e com a ajuda de muita gente que Deus levanta pra abençoar a gente. E tá tudo bem! Acredite, fica sempre tudo bem! 

    Cinco anos depois estou aqui pra garantir que fica e pra agradecer a Deus que tem me sustentado a cada minuto nessa coisa linda e louca chamada vida.

Nana.









quinta-feira, 16 de julho de 2020

Sol em Sagitário, Ascendente em Aquário – O Astronauta

     "De acordo com seu horário de nascimento, Joanna, seu signo ascendente é Aquário, que se combina ao Sol em Sagitário, se traduzindo numa personalidade extremamente humanitária, que tem grande fé no lado bom das pessoas e se conecta à busca de um sentido para a vida. Ainda que eventualmente você peque por ingenuidade e por uma crença exagerada em coisas fantasiosas, é justamente esta sua fé em coisas que os outros acham "absurdas" que lhe torna uma pessoa tão exótica e fascinante. Você não vende seus sonhos e ideais por nada, e os outros admiram esta certeza absoluta que move seu espírito.

     Aquário no ascendente dá uma qualidade amigável, que respeita a individualidade alheia, mas plenamente consciente da própria individualidade. Sagitário ascendente tem muita fé em si mesmo ou numa força maior. Esta combinação se traduz num notável poder de comunicação, Joanna, que você usa conscientemente para transmitir uma mensagem. Há algo de "missionário" na combinação de Aquário com Sagitário. É muito provável que você venha a escrever muito, ou palestrar. O gosto por literatura é notável também. Muitas viagens (físicas e mentais) são outra marca registrada.

     A dura realidade da vida lhe choca. Precisa aprender a lidar melhor com ela, a compreender que existe sombra onde existe luz. Não adianta dar as costas ao lado mais "escuro" da vida. É possível que a vida lhe apresente a muita gente sofredora, a fim de que você transmita um pouco de luz a elas, e aprenda a perceber que a vida não é só festa.
   
   Você tem um lado altamente filosófico, quase religioso, que pode e deve cultivar. O desafio aqui é aprender a aplicá-lo na realidade prática, que você acha cansativa e grosseira. Por você, a vida seria vivida com o máximo de relaxamento, e não deixa de ser interessante perceber o quanto você tem um lado "sortudo" - que chega a irritar gente que acredita que você não sofre, o que não é verdade. Você sofre, mas tem uma fé tão grande que tudo faz sentido, que consegue extrair a lição do sofrimento, enquanto os outros ficam simplesmente se queixando. Você não tem mais "sorte" do que os outros: você cria um campo de oportunidades com seu próprio pensamento - e é isso que sua alma veio ensinar os outros a fazer!"

Nana.
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sábado, 23 de maio de 2020

Pandemia

   Ontem encontrei uma das minhas melhores amigas, senão a melhor. Nós nos vimos porque eu precisava entregar uma coisa pra ela. Não pudemos nos abraçar, o que foi péssimo, porque habitualmente vivemos agarradas, grudadas. Ela levou dois pares de luvas, um pra mim e um pra ela. Colocamos as luvas e apertamos as mãos uma da outra, esmagamos as mãos sabendo que aquele seria o máximo de contato que poderíamos ter. Ela com os olhos marejados e eu também, ali de mãos dadas com luvas no ponto de ônibus. Sentamos, com um banco de diferença entre nós, de máscara e luvas e ficamos conversando. Tentando contar sobre coisas que não estariam acumuladas se não estivéssemos por tanto tempo uma longe da outra. Foi horrível!

   Tenho assistido muitos videos engraçados no Instagram e no Tiktok e meu riso tá diferente. Uma gargalhada histérica, acima do tom, exagerada. Nem sei se, em outras condições, acharia tanta graça de tantas coisas. Tô me alimentando de comédia pra não morrer de tédio e pavor, mas admito que hoje fiquei pensando se estou rindo mesmo, achando graça, ou fingindo pra eu mesma que tá tudo bem, tá tudo de boa, o mundo continua girando.

   A música tem me salvado também. Tenho curtido bastante coisa diferente das que eu estava acostumada. Rap agora tá bombando na minha playlist. MPB então, nem se fala!! Música de qualidade de uma galera que eu não conhecia ou conhecia muito pouco. Desligo a TV e fico ali, viajando no som que me traz a sensação de alma em paz. O poder da música, o poder da arte. 

   Já não sei quantos dias faz que estamos em isolamento social, em casa, fugindo de uma doença que tá matando mil por dia no Brasil, Enquanto escrevo esse texto a marca de mortos por essa praga está em 21.116. É gente pra caramba morrendo! Gente pra caramba!! Gente que duvidou do poder da doença, gente que não tomou os devidos cuidados, gente que fez tudo direitinho, mas pegou. Gente gente gente gente. Gente! Todos os dias, eu não estou exagerando, todos os dias recebo mensagem de alguém dizendo que alguém conhecido morreu. E enquanto isso eu tô aqui, tentando.

   Uma saudade absurda de praia, dos meus amigos, de bar, de música ao vivo, de escrever bilhetinho pedindo música, de querer tirar o sapato e sambar descalça, de rir, de abraçar, de chorar ouvindo uma história de sucesso ou de fracasso de alguém, de encontrar ex na rua e fingir que não viu, saudade de reclamar do BRT, de fazer xixi em pé no banheiro do bar, saudade de salto alto, meus amigos. Quem diria que a "mina do tênis" sentiria saudade de usar salto? Saudade de esperar a tarifa do uber baixar pra voltar pra casa, de pedir pro motorista aumentar o som pra eu cantar, saudade de forró e comer carne de sol com manteiga de garrafa. Uma tremenda falta de reclamar da música mal tocada de um show ao vivo de uma banda que é muito melhor no playback.

   Eu não queria que esse texto parecesse muito melancólico, juro. Mas não consigo porque tô só melancolia. Desculpem, leitores, é só o que tenho pra oferecer no momento. Algo diferente disso não seria real, não seria eu. E uma coisa que não sei fazer é fingir, graças a Deus.

   Não faço ideia de quando tudo isso vai terminar. Não tem um prazo pra que a gente possa voltar a viver normalmente, fazendo tudo que sempre fizemos, sem máscara, sem evitar encostar nas pessoas, sem ter que lavar saco de batata palha. Não tem nada legal nisso tudo que está acontecendo, NADA! É uma grande merda você não poder fazer as coisas, ter que lavar compras, andar de máscara e tomar banho de álcool gel. Mas não tem outro jeito e meu pai sempre me disse "o que não tem jeito, ajeitado está". E é isso, vamos nos ajeitando.

   Cuidem-se! Não se culpem pela preguiça, não se exijam, não se forcem, a nada! Façam tiktok, é muito legal e tem uns vídeos bem engraçados. Lavem as compras, usem o álcool gel, não entrem de sapato em casa, lavem suas máscaras, evitem assuntos estressantes, pessoas irritantes, ideias discrepantes. Ascendam um incenso; os de alecrim são uma delícia. Assistam a série "Todas as mulheres do mundo" no Globo Play. Dá um quentinho no coração que vocês também precisam sentir. Bebam água e tomem sol, se possível. Falta de vitamina D também mata. Façam vídeos pra aliviar as saudades, assistam lives (até enjoarem, porque eu já enjoei), durmam. Cuidem dos seus velhinhos, de perto ou à distância. Sobrevivam! Respirem! A gente precisa respirar, com tudo que isso significa.

   Vai passar.


Nana.