sábado, 1 de agosto de 2015

A mochila - série biografia

Eu vou, mas eu sempre volto.
E hoje pra mais uma da série biografia. Se eu estiver enchendo o saco com minhas histórias bizarras, por favor, me avisem que eu paro! Vocês tem todo o direito de se meter nisso aqui! 

Na história de hoje eu tinha, sei lá, uns 9 anos...? Quantos anos se tem quando se está na terceira série? Não me lembro.. Mas era bem criança. E desde criança essa coisa de sentimento não dá muito certo pra mim. Acho que de tanto cantar aquela música da Mara Maravilha e profetizar carência, fingindo que tá tudo de boa, a coisa pegou e encalacrou na minha história! 

Enfim, eu estava na terceira série e fiquei muito amiga de um menino. Meu pai sempre disse que não existe amizade entre homem e mulher. Eu sempre discordei, mas já caí algumas vezes nessas ciladas que o amor apronta e tive que dar o braço a torcer, em alguns casos. 

Nós fazíamos bastante coisa juntos. E ficávamos bastante tempo juntos. Ele gostava de Bob Marley e eu passei a gostar também. Ele gostava do Taz Mania e eu comecei a amar também. Ele curtia a banda Pantera e eu fingi que gostava também. Pantera não deu pra amar de coração, sabe? Mas quem nunca, né? A gente se apaixona e fica boba, besta, cede... 

E nessa ficamos por um bom tempo, até que eu tive a brilhante (só que ao contrário) ideia de me declarar. Resolvi que aquele amor não podia mais ficar escondido. Decidi que eu era uma pessoa madura (cof) e que me esconder atrás de uma amizade não nos tiraria daquela zona de conforto. Sim, meus caros, eu pensei isso. E depois de decidir isso dentro de mim, comecei a pensar em como faria para que ele soubesse disso tudo. 

A forma mais prática seria chamar ele pruma conversa madura (eu tô rindo, juro) e falar pra ele: "meu querido, tô gostando de vc!". Mas O QUE na vida dessa pessoa que vos fala é prático? O que? Pensei pensei pensei... Pensei mais... E num rompante inusitado esperei que todos saíssem no intervalo da aula, peguei a mochila jeans dele e escrevi de caneta vermelha: EU TE AMO! ASS: JOANNA. E mil corações em volta pra parada ficar bem romântica. Lindo né? Seria... Mas a história é minha, não esqueçam disso! 

Voltaram todos do recreio e eu, sentada, na minha, fiquei esperando pra ver a reação do querido. 

Gente, quando o garoto viu a mochila......... Foi um grito só que ecoou nos quatro andares daquela escola imensa: QUEM RABISCOU MINHA MOCHILA?????? Rabiscou, gente... 
A sala toda ficou em silêncio. E ele continuou gritando querendo saber porque tinham rabiscado na mochila dele e quem foi que cometeu tal absurdo. Eu tinha assinado, Brasil! Tava claro! Tava nítido! Tava na cara! 
A professora foi ver o que estava escrito e a tapada começou a dizer: "ainda colocaram o nome da Joanna!!! Quem fez isso?"

Eu queria morrer. Queria matar. Queria enfiar a caneta vermelha nos meus olhos e nos olhos dele e da professora. Ficou aquele silêncio mórbido. Meu coração parecia que ia pular pela boca de tanto desespero. Em nenhum momento cogitaram a possibilidade do óbvio! Nenhum! Até que a professora começou a gritar que se o culpado não se acusasse, todos ficariam de castigo, ou alguma coisa assim. Não lembro; tava nervosa demais pra prestar atenção. Só lembro que as ameaças eram sérias, porque a turma toda começou a se manifestar, pedindo pra que o culpado se posicionasse logo ou ganharia a antipatia de todo mundo. 

Eu não esperei muito. Tive coragem de escrever, tive coragem de me entregar. Posso ter muitos defeitos, mas eu sou bem corajosa. Faço. Assumo. 
Levantei a mão e disse: "fui eu. Eu escrevi. Eu assinei."

 Pasmem, duvidaram! Falaram que eu estava me acusando pra defender alguém que não queria fazê-lo. Repeti umas cinco vezes até a voz ficar mais grossa de ódio e vergonha e ele e a professora caírem em si de que eu estava falando a verdade. 

Nunca mais nos falamos como antes. A amizade acabou e cada um seguiu seu rumo. E se posso tirar alguma lição  disso tudo eu digo, JAMAIS se declarem. A não ser que você tenha CERTEZA que tem alguma chance, porque, do contrário, não vai dar certo. E pode não apenas não dar certo, pode dar MUITO errado! Ah, outra lição também... Quando forem escrever qualquer coisa na mochila de alguém, jamais, jamais, JAMAIS assinem! 

Nana.