terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O primeiro amor - Série Biografia



Eu jamais escreveria sobre isso por uma série de motivos; mas aí no trabalho, rodando nas playlists da vida e do Youtube parei na Madonna. E essa mulher teve um papel crucial na minha existência, ela me apresentou ao meu primeiro amor.

Vou explicar. Tentar, pelo menos.


Vamos começar dizendo que nesse texto estamos falando de uma criança de aproximadamente 7, 8, 9 anos no máximo. Crianças não possuem muitos critérios para se apaixonar por alguém. Elas se apaixonam e pronto. Por um coleguinha da escola (o mais normal de acontecer, eu acho), pelo professor, que acaba virando uma espécie de "ideal", de pessoa inteligente e culta e adulta (tô blefando?), pelo cantor de uma boy band, pelo vizinho... enfim, meninas se apaixonam por uma série de motivos por pessoas que às vezes até admitimos uma paixão e outras não.


Poucas pessoas sabem disso sobre mim. Na verdade acho que só contei pra uma amiga em toda a minha vida! E agora eis-me aqui abrindo meu coração... meu Deus.


Minha mãe era muito fã da Madonna. Cresci cantando "Like a Virgem" como se fosse "atirei o pau no gato". Nas festas eu dava show porque sabia todas as letras. Ela era fã, ouvia, e eu ouvia junto, cantava junto, dançava junto. Na escola que estudei durante anos as freiras proibiram a gente de sequer pronunciar o nome da cantora. Cantar suas músicas muito menos. Era advertência na mesma hora e a chamada dos responsáveis no colégio. Essa segunda parte não me preocupava muito; não era eu quem tinha aquela quantidade de discos da diva do Pop e, caso minha mãe fosse chamada, ela é que teria que dar boas explicações às madres. Eu era só uma criança.


Até que num belo dia, eu não lembro exatamente onde, mas tinha um canal que transmitia clipes das músicas durante um determinado horário. Gente, não vou lembrar, mas sei que isso existia, e foi aí que tudo aconteceu. Eu estava vendo o programa e começou a passar o clipe da música Vogue. Um clipe em preto e branco com plumas, estátuas, ela maravilhosa com uma roupa cheia de brilhos, as backing vocals fazendo carões e poses diversas, os modelos, um homem com um espanador limpando uma escada, mais Madonna com a roupa brilhosa, e ele! Eu posso sentir o mesmo arrepio que senti naquele dia quando vi o meu dançarino (desculpa, mas é assim que o chamo desde sempre) pela primeira vez!!! Que coisa mais linda, minha gente! E aí volta pra mais Madonna, mais gente estranha limpando a casa e ele de novo, de terno, gel no cabelo, coisa mais maravilhosa da vida. Eu passei aquela eternidade de quase 5 minutos encantada por aquele homem dançando e fazendo poses, junto com muitos outros, mas quem liga pros outros? Quando você ama de verdade você foca, nem olha pros lados. É assim que acontece.


E quando aquele clipe acabou e eu não sabia mais quando iria vê-lo novamente, foi muito dolorido pra mim. Passei muito tempo com a imagem dele na minha cabeça. Até que uma amiga da minha mãe deu a ela de presente uma fita de vídeo (pasmem) com TODOS os vídeo clipes da Madonna. Gente... Gente... Acho que nem preciso dizer né? Sim, preciso sim. Eu pausava a fita, passava pra frente, e pra trás e pra frente e pause, e nos muitos outros clipes que ele aparecia a mesmíssima coisa! E ele dançava, pulava, se esticava todo... E meu corpo e coração iam junto naquela dança toda louca e sensual, como eu acho que diz o Naldo. Não é isso que ele diz? Não importa.


Tem um vídeo maravilhoso de um ao vivo de "Express Yourself" que, se eu fechar os olhos, eu consigo ver todinho na minha cabeça. 

As crianças todas focando na Xuxa e na Angélica e eu querendo um dançarino daquele pra me ensinar a dançar lambada. Imagina, o ritmo proibido com meu dançarino.... 

Passei a cagar pra Madonna e procurava ele no meio de todos aqueles outros dançarinos. O tempo todo isso, em todos os vídeos.


Até hoje não faço ideia do nome do cidadão maravilhoso que tomou horas do meu dia, noites nos meus sonhos e um pedaço grande do meu coração. Não sei sequer se ele depois dançou com outros artistas. O tempo passou, o amor esfriou, os dançarinos mudaram, foquei em outras coisas, outros artistas, outros amores, enfim. Mas meu primeiro amor, platônico, mas não menos amor, foi o dançarino da mãe de Lourdes Maria. Ufa!! Falei. Não carrego mais isso sozinha! 


"Express Yourself"... aprendi desde nova, tamo aqui pra praticar.


Nana.







obs: Não vamos pôr em xeque a opção sexual do rapaz. Eu era criança demais pra entender certas coisas...rs.