Odeio quando eu fico besta.
Odeio quando meus olhos ficam marejados com lágrimas de
emoção ao ouvir uma música. Ou quando olho pro céu, ele tá azul, os pássaros
cantando e o sol sorrindo. Odeio sentir tanta alegria nisso tão pequeno. Tão
lindo e pequeno.
Odeio quando eu ligo o rádio e tá tocando aquela música que
me lembra sua mão, seu cabelo, seu rosto, seu sorriso tão perto do meu sorriso.
Sorriso besta esse que fica estampado na minha cara ouvindo música de olhos
fechados. Que ódio.
Detesto ficar ouvindo mil vezes a mesma mensagem ou lendo bilhões
de vezes o mesmo texto pra lembrar de coisas que eu jamais esqueceria. Mesmo se
eu quisesse, mas eu não quero. Odeio não querer. Pra que tanto querer?
Me sobe uma raiva quando eu fico esperando uma buzina na
minha porta, meu telefone tocar, meu celular apitar, meu nome gritado na rua,
uma foto de ingresso de cinema ou do seu pé na areia quente. A gente fica num
sofrimento esperançoso gostoso, uma tristeza acolhedora, um nervoso que acalma.
Mas que horror!
Odeio quando leio poesia e todas eu queria transcrever,
tatuar, escrever nas paredes da minha casa. Em todas as paredes. Em todos os cômodos.
Odeio ser tão louca a ponto de ficar negando opções, negando
corações, negando sugestões. Negando tudo, por alguém que eu não sei se me
nega, renega, cega...
Eu não sei nem como posso terminar esse texto, de tanta
raiva, tanto ódio, tanta lágrima, tanta esperança, tanta saudade. Tanta
saudade.
Nana.