Roberta é uma pessoa legal, no geral. Tem bons amigos, leais a ela. Roberta também é leal.
Ela gosta de fazer muitas coisas com eles, mas também curte muito estar sozinha. A solidão, de certa forma, de uma forma até meio que melancólica, faz bem à Roberta.
"As pessoas tem muito a oferecer, mas pouco pra dar" é uma das suas frases preferidas. Ela gosta muito de criar frases de efeito e as repete como se fossem de um autor famoso, mas é ela própria quem cria essas frases nos seus momentos de devaneio. O problema é que ela morre de vergonha de dizer que as frases são dela. Na verdade ela morre de vergonha de tudo que cria. O julgamento das pessoas assusta muito Roberta e sentir-se avaliada causa um certo desespero. Menos do que antes, quando ela se limitava a viver por conta disso, mas ainda assusta. Não a limita mais, não a veta, mas a assusta. As pessoas são muito cruéis. Roberta também tem sua dose de crueldade. Todos temos, não é mesmo? Difícil é assumir isso. Mas ela assume. Nunca contou onde, de fato, dissipou seu veneno, mas nunca negou que o tenha feito. Roberta é muito sincera. De uma forma até suicida.
Roberta tem uma mania péssima de fazer coisas das quais não se orgulha. E quando chega em casa, ela e eu sabemos o quanto ela chora e se pune por isso. Nem ela sabe porque as faz, nem ela entende como se mete em algumas das suas confusões. O fato é que ela tem muita dificuldade em dizer não e acaba aceitando muitos absurdos. A negativa é uma opção também, muitas vezes a melhor, mas Roberta às vezes esquece disso. Ela quer aproveitar tudo, ela quer provar tudo, ela quer conhecer tudo e, por muitas vezes, cria teias perigosas que depois a fazem muito mal. Ela precisa parar! Nós duas sabemos disso. Ela até mais do que eu, que estou escrevendo sobre ela agora.
Eu deveria estar escrevendo sobre ela?
Bom, o trabalho é muito importante pra Roberta. Ela, de fato, ama sentir-se produtiva. Mas não queira que ela leve isso tão a sério. Eu não lembro de nada que ela tenha levado muito a sério assim. Preciso pensar mais sobre isso, porque se eu perguntar ela com toda a certeza não vai saber me responder também. Roberta não sabe pensar sobre pressão. Ela simplesmente trava! Fica com um olhar perdido, a boca seca, a cabeça a mil e já começando a pensar em outras coisas pra desfocar. Pressão, sem dúvida, é seu pior inimigo.
Sobre o amor? Ah, cada dia o amor tem uma definição diferente pra ela. O amor já foi palpável, o amor já foi uma energia, o amor já foi o sorriso de uma criança e hoje, pra ela, o amor é um dia de cada vez. O amor é uma construção. Um prédio que você vai levantando tijolo por tijolo com o cimento do respeito e a massa da tolerância. Paciência são os pilares. O amor, pra ela, já não se sustenta mais sozinho. E hoje ela ama tanta coisa, ela ama tantas pessoas, que o conceito de prédio não vem a toa. É pra caber muita gente mesmo, é pra caber todo mundo. Roberta é dessas pessoas que agrega. Ela junta e ama ver tudo junto, todo mundo no mesmo balde.
Talvez, por isso, ela viva sempre tão rodeada de gente. Deve ser por isso que a gente vê ela sorrindo quase que o tempo todo. Quase.
Talvez esse texto sobre ela esteja um tanto quanto óbvio mas, meus leitores, eu posso garantir que não. Porque nada é óbvio quando se trata de Roberta. A gente sempre acha que ela está indo em uma direção e na verdade, quase sempre, ela nos surpreende fazendo o contrário. E por que então, Joanna, escrever sobre ela?
Por que, Joanna?
Por que, Roberta?
A gente, na vida, costuma ter muitos segredos. Coisas que a gente não conta pra ninguém, ninguém MESMO! Roberta sabe que eu tenho esse blog. Ela sabe muitas coisas sobre mim e sabe que eu hoje precisava de um tempo só meu, de uma rede, de um colo, de um motivo pra ter certeza de que vai ficar tudo bem, de uma caneca de chocolate quente com biscoito e geleia de morango. Eu adoro morango.
Mas esse texto não é sobre mim, não é pra falar de mim. Esse texto nem é tão meu. É sobre Roberta, é pra Roberta, eu juro.
Nana.
sábado, 4 de janeiro de 2020
domingo, 10 de novembro de 2019
Série Uber - Seu Wagner, o sonhador
Eu estava indo pra uma festa na Feira de São Cristóvão que, vale dizer, fica há léguas da minha casa. Um calor, uma preguiça, um espírito de riqueza que me bate sempre nesses momentos me cegando completamente e me convencendo de "dane-se, pede um Uber". Pedi.
Saí de casa já pingando de suor, com um baita mau humor, querendo voltar. Um Uber cancelou e eu já pensei "é um sinal", mas o segundo aceitou e estava já na minha rua, quase na minha porta. O carro bem humilde, um motorista com seus, talvez, 60 e pouquinhos anos que perguntou se eu queria que ligasse o ar, com a cidade aos seus 50°.
- Por favor, seu Wagner, to suando feito um porco!
- Porco não sua, minha filha.. eu sei porque já tive porco.
E pronto, começamos aqui nosso texto.
Seu Wagner era meu vizinho. Estava saindo de casa pra trabalhar de Uber naquele momento quando minha corrida apitou. Já havia sido casado e "não deu certo, minha filha". Morava com a esposa em Nova Iguaçu, separou e foi morar com a mãe na Taquara. Depois conheceu uma outra moça que sentenciou "com a sua mãe eu não moro. Quero morar na Zona Sul; é meu sonho"
- Exigente ela, né Seu Wagner?!
- Muito, minha filha. Você nem imagina. Mas, já que ela queria ser chique, fomos morar na Rocinha. Aquilo lá é uma cidade dentro de outra cidade!
- Sim, a Rocinha é muito grande!
- E caro de se viver. Eu morava numa quitinete só pra ela poder dizer que morava num lugar nobre. Pra ela a Rocinha era chique, ela não passava a vergonha de dizer que morava na Baixada pros parentes, mas eu vivia apertado. Montei um bar que não deu certo, uma confusão!
- E hoje você não mora mais lá. Ela mora na Taquara com você?
- Claro que não! Como eu não podia mais arcar com as despesas e nem ela sozinha, voltou a morar com a mãe na Baixada. Preferiu voltar pra casa da mãe do que tentar a vida comigo em outro lugar. Era a Zona Sul ou nada.
Ficou aquele silêncio que fala muito, sabe? Aquele silêncio que grita. Que chega a arder os olhos...
- Então eu voltei a morar com a minha mãe, mas ela foi envelhecendo e meu pai partiu. O sonho dela era morar na Região dos Lagos, e assim ela o fez. Aí eu me desdobro entre lá e cá pra cuidar da casa dela aqui e dela lá. Tenho que ficar de olho se ela está indo no médico direitinho, ligo pras vizinhas pra vigiarem ela pra mim. Quando ela tem médico vou lá pra levar...
- Nossa, difícil né? Porque é longe
- Muito! Mas Deus ajuda...é o que ela sempre quis.
- Seu Wagner, e qual é o SEU sonho? - Perguntei pro homem que, até então, só tinha se preocupado em realizar o sonho de outras pessoas.
- MEU SONHO? - um grito seguido de, mais uma vez, aquele silêncio que geme - Meu sonho era ser piloto de helicóptero!
- Pois saiba que eu trabalho com aviação, numa empresa de offshore! O Sr. pode ser piloto, é só querer!
- Eu já tenho o PP (a licença para exercer a atividade de Piloto Privado), mas acabei desfocando do meu objetivo por causa de outras coisas, sabe? Hoje tô velho, não tenho mais tempo. Até tenho amigos pra me ajudar com as horas de voo, mas já to no fim da linha. Meu olho enche d'água só de falar dos helicópteros.
E encheu mesmo. Os olhos dele e os meus.
Cheguei ao meu destino. Já não suava mais, mas a vontade de chorar estava latente. Eu queria poder dizer um monte de coisa, mas tudo que saiu foi:
- Seu Wagner, o Senhor ainda está vivo! E enquanto tem vida, tem esperança. Realiza seu sonho porque o Senhor pode ser o que quiser! Não deixa passar mais tempo! Agora é a sua vez de ser feliz com o que o Sr. quer fazer. Por você e pra você. Corre e vai ser piloto!! Uma boa tarde, uma boa vida pro Sr.
Saí do carro, dei cinco estrelas pra ele, mas o que queria mesmo era lhe dar esperança, era dar pra ele a certeza de que ele ainda podia ser feliz realizando o que ele sempre sonhou pra si.
Hoje, escrevendo essa história estou repetindo as mesmas palavras que falei pra ele, mas pra mim. Pra você, meu leitor, e pra mim.
Nana.
Saí de casa já pingando de suor, com um baita mau humor, querendo voltar. Um Uber cancelou e eu já pensei "é um sinal", mas o segundo aceitou e estava já na minha rua, quase na minha porta. O carro bem humilde, um motorista com seus, talvez, 60 e pouquinhos anos que perguntou se eu queria que ligasse o ar, com a cidade aos seus 50°.
- Por favor, seu Wagner, to suando feito um porco!
- Porco não sua, minha filha.. eu sei porque já tive porco.
E pronto, começamos aqui nosso texto.
Seu Wagner era meu vizinho. Estava saindo de casa pra trabalhar de Uber naquele momento quando minha corrida apitou. Já havia sido casado e "não deu certo, minha filha". Morava com a esposa em Nova Iguaçu, separou e foi morar com a mãe na Taquara. Depois conheceu uma outra moça que sentenciou "com a sua mãe eu não moro. Quero morar na Zona Sul; é meu sonho"
- Exigente ela, né Seu Wagner?!
- Muito, minha filha. Você nem imagina. Mas, já que ela queria ser chique, fomos morar na Rocinha. Aquilo lá é uma cidade dentro de outra cidade!
- Sim, a Rocinha é muito grande!
- E caro de se viver. Eu morava numa quitinete só pra ela poder dizer que morava num lugar nobre. Pra ela a Rocinha era chique, ela não passava a vergonha de dizer que morava na Baixada pros parentes, mas eu vivia apertado. Montei um bar que não deu certo, uma confusão!
- E hoje você não mora mais lá. Ela mora na Taquara com você?
- Claro que não! Como eu não podia mais arcar com as despesas e nem ela sozinha, voltou a morar com a mãe na Baixada. Preferiu voltar pra casa da mãe do que tentar a vida comigo em outro lugar. Era a Zona Sul ou nada.
Ficou aquele silêncio que fala muito, sabe? Aquele silêncio que grita. Que chega a arder os olhos...
- Então eu voltei a morar com a minha mãe, mas ela foi envelhecendo e meu pai partiu. O sonho dela era morar na Região dos Lagos, e assim ela o fez. Aí eu me desdobro entre lá e cá pra cuidar da casa dela aqui e dela lá. Tenho que ficar de olho se ela está indo no médico direitinho, ligo pras vizinhas pra vigiarem ela pra mim. Quando ela tem médico vou lá pra levar...
- Nossa, difícil né? Porque é longe
- Muito! Mas Deus ajuda...é o que ela sempre quis.
- Seu Wagner, e qual é o SEU sonho? - Perguntei pro homem que, até então, só tinha se preocupado em realizar o sonho de outras pessoas.
- MEU SONHO? - um grito seguido de, mais uma vez, aquele silêncio que geme - Meu sonho era ser piloto de helicóptero!
- Pois saiba que eu trabalho com aviação, numa empresa de offshore! O Sr. pode ser piloto, é só querer!
- Eu já tenho o PP (a licença para exercer a atividade de Piloto Privado), mas acabei desfocando do meu objetivo por causa de outras coisas, sabe? Hoje tô velho, não tenho mais tempo. Até tenho amigos pra me ajudar com as horas de voo, mas já to no fim da linha. Meu olho enche d'água só de falar dos helicópteros.
E encheu mesmo. Os olhos dele e os meus.
Cheguei ao meu destino. Já não suava mais, mas a vontade de chorar estava latente. Eu queria poder dizer um monte de coisa, mas tudo que saiu foi:
- Seu Wagner, o Senhor ainda está vivo! E enquanto tem vida, tem esperança. Realiza seu sonho porque o Senhor pode ser o que quiser! Não deixa passar mais tempo! Agora é a sua vez de ser feliz com o que o Sr. quer fazer. Por você e pra você. Corre e vai ser piloto!! Uma boa tarde, uma boa vida pro Sr.
Saí do carro, dei cinco estrelas pra ele, mas o que queria mesmo era lhe dar esperança, era dar pra ele a certeza de que ele ainda podia ser feliz realizando o que ele sempre sonhou pra si.
Hoje, escrevendo essa história estou repetindo as mesmas palavras que falei pra ele, mas pra mim. Pra você, meu leitor, e pra mim.
Nana.
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
Série Uber - Seu Gustavo, o Infeliz
To bastante sumida, eu sei. Trabalhando como nunca, estressada como sempre e cada dia mais sem entender o que tá acontecendo com a minha vida. Normal, eu acho.
As pessoas que eu conheço andam bem exaustas ultimamente. De uma maneira geral tá todo mundo sobrecarregado e encostando nos cantos da vida, pedindo a Deus por sombra e água fresca.
A impressão que dá é que a gente tá em pé, num sol escaldante faz meses; sem água.
Mas não vim falar de tristeza e nem ficar me lamentando. Apesar de estar precisando desse momento "botar tudo pra fora", hoje não.
Eu hoje saí do trabalho bem tarde e vim pra casa de uber. Na verdade peguei carona com uma amiga no uber dela e, depois, pedi um pra chamar de meu. E eu não sei quem são vocês no Uber, mas eu sou a pessoa que fala, conversa, debate, discute, canta, assovia. Ri, chora junto. Pede e dá conselhos. Juro que faço tudo isso. E hoje, conversando com o Paulo Roberto, sobre as nossas vastas experiências nesse transporte maravilhoso - ele como motorista e eu como passageira - nos deparamos com a ideia de um livro sobre isso. Por que não?? E, como meu projeto de livro já é outro e anda BEM atrasado, resolvi trazer esse brilhante absurdo aqui, para meu espacinho. Abriremos, a partir de hoje, uma série de histórias divertidas, e outras nem tanto, sobre essas experiências que começamos a adquirir a pouco tempo, mas que já fazem muito parte da nossa rotina, não é mesmo?
Eu não sei se é do interesse de vocês ler sobre isso, mas eu gosto muito das histórias das pessoas. Sou apaixonada por compartilhar experiências. Sendo assim, vamos a Série Uber.
Pra começar, vou trazer de volta uma história que gosto demais e que não aconteceu num Uber, e sim num táxi há muitos anos atrás. Espero que você, meu amado leitor, também consiga sentir, através das minhas palavras, a mesma coisa que eu senti naquela viagem e depois dela.
Isso aconteceu há dez anos atrás, em 2009....
Ontem foi um dia daqueles! Sabe aqueles dias que parece que tudo está predestinado a dar errado? Então. Ontem.
Pegou suas poucas economias e foi ao Espírito Santo atrás da mulher amada. Não tinha seu endereço, telefone, absolutamente nada. Seguiu apenas com algumas coisas que ela havia dito para ele sobre a casa de seus pais, enquanto estavam juntos.
- E durou quanto tempo?
As pessoas que eu conheço andam bem exaustas ultimamente. De uma maneira geral tá todo mundo sobrecarregado e encostando nos cantos da vida, pedindo a Deus por sombra e água fresca.
A impressão que dá é que a gente tá em pé, num sol escaldante faz meses; sem água.
Mas não vim falar de tristeza e nem ficar me lamentando. Apesar de estar precisando desse momento "botar tudo pra fora", hoje não.
Eu hoje saí do trabalho bem tarde e vim pra casa de uber. Na verdade peguei carona com uma amiga no uber dela e, depois, pedi um pra chamar de meu. E eu não sei quem são vocês no Uber, mas eu sou a pessoa que fala, conversa, debate, discute, canta, assovia. Ri, chora junto. Pede e dá conselhos. Juro que faço tudo isso. E hoje, conversando com o Paulo Roberto, sobre as nossas vastas experiências nesse transporte maravilhoso - ele como motorista e eu como passageira - nos deparamos com a ideia de um livro sobre isso. Por que não?? E, como meu projeto de livro já é outro e anda BEM atrasado, resolvi trazer esse brilhante absurdo aqui, para meu espacinho. Abriremos, a partir de hoje, uma série de histórias divertidas, e outras nem tanto, sobre essas experiências que começamos a adquirir a pouco tempo, mas que já fazem muito parte da nossa rotina, não é mesmo?
Eu não sei se é do interesse de vocês ler sobre isso, mas eu gosto muito das histórias das pessoas. Sou apaixonada por compartilhar experiências. Sendo assim, vamos a Série Uber.
Pra começar, vou trazer de volta uma história que gosto demais e que não aconteceu num Uber, e sim num táxi há muitos anos atrás. Espero que você, meu amado leitor, também consiga sentir, através das minhas palavras, a mesma coisa que eu senti naquela viagem e depois dela.
Isso aconteceu há dez anos atrás, em 2009....
Ontem foi um dia daqueles! Sabe aqueles dias que parece que tudo está predestinado a dar errado? Então. Ontem.
O tempo foi pouco pra fazer as milhares de coisas que eu tinha pra fazer e nem metade, dessas coisas, foram feitas. Ô dia!
Estava no Sindicato (a toa, porque a funcionária não foi para a homologação) e pedi um táxi para voltar ao trabalho. Aqui na empresa a gente usa aqueles táxis de companhia que paga-se com voucher, sabe? O táxi demorou tanto...tanto...tanto... As portas do Sindicato foram fechadas, os funcionários foram saindo um a um e eu ali sentada na escada esperando meu táxi.
Mais raiva, menos paciência.
Depois de um bom tempo, bota tempo nisso, meu táxi chegou e eu conheci umas das pessoas mais interessantes que eu já tive oportunidade de conhecer na vida. Os poucos minutos que desfrutei de sua companhia, mudaram o meu final de dia.
O taxista era um homem simples e me tratou cordialmente assim que entrei no táxi. Me pediu desculpas pelo atraso e justificou-se alegando que o trânsito estava engarrafado demais. "Muita chuva, muito carro, muito trânsito", disse ele.
- Nunca vi Outubro desse jeito! O Sr. pode, por favor, diminuir o ar condicionado pois estou com muito frio- Pedi com a mesma cordialidade com que estava sendo tratada.
- Frio!? quem sente frio é pobre! Frio e fome. Pobre é que sente essas coisas. - Não aguentei. Danei a rir.
- Então sou muito pobre, porque estou sentindo muito as duas coisas!
Começamos a conversa.
Ele elogiou meu nome. Disse que achava um nome muito bonito e que tinha uma amiga linda que se chamava Joana. Eu, com o mesmo discurso de sempre, disse que achava nome de velho!
- Não, minha filha. Quer ver um nome de mulher feia!? Nunca vi mulher bonita nenhuma com esse nome: Rita! - ele quase soletrava.
Ao longo do caminho eu soube que Rita foi uma mulher apaixonada por ele. Uma mulher, segundo ele, feia como a fome, feito um "toco de amarrar jegue", baixa, horrível. Rita fez de tudo pra ficar com ele e, numa noite infeliz, bêbado, ele foi fisgado pela Rita. Amanheceu na casa dela, com a mulher horrenda dormindo do seu lado. Como se não bastasse, Rita ficou grávida!
- E quem disse que o filho era meu mesmo? Não acreditei e nem registrei!
- Mas a criança não teve culpa!
- Eu sei. Eduquei ele, ajudei na criação, mas levar meu nome não. Hoje ele é advogado, tem 34 anos.
Quando soube que Rita estava grávida, ele ficou desesperado, pois amava uma mulher que também estava grávida dele. Sônia. Ele tinha planos de construir uma vida a dois com Sônia. Fez planos de casar e ter um cantinho pros três: ele, Sônia e o bebê. Três dias depois de tudo certo, Sônia sumiu. Foi embora do Rio de Janeiro para a casa dos seus pais no Espírito Santo sem avisar nada à ninguém.
- E o Sr., o que fez?
- Eu fui atrás dela!
Pegou suas poucas economias e foi ao Espírito Santo atrás da mulher amada. Não tinha seu endereço, telefone, absolutamente nada. Seguiu apenas com algumas coisas que ela havia dito para ele sobre a casa de seus pais, enquanto estavam juntos.
- E o Sr. achou ela?
- Claro que achei!
Ficou 15 dias na casa dos pais dela. Voltou ao Rio de Janeiro para preparar as coisas para buscar ela de volta. Quanto retornou ao Espírito Santo, alguns meses depois, Sônia havia ido embora de novo...
- De novo?
- De novo!
- E o Sr., o que fez?
- Fui atrás dela de novo!
Eu quase não acreditei, mas estava gostando muito da história! Encontrou Sônia de novo, mas dessa vez deram um fim na relação.
- Ela era inconstante demais!
- E o Sr, se casou?
- Casei com uma mulher que eu nunca gostei! sempre odiei aquela mulher!
Casou por pressão da família. Praticamente obrigaram ele a casar. Tentou adiar a cerimonia para tentar que esquecessem, mas ninguém esqueceu e ele se casou com ela.
- E durou quanto tempo?
- Dura até hoje! A gente não se suporta, mas não separo só de birra! Não me obrigaram a casar? Agora obrigo a permanecer casada.
Fez-se um longo silêncio no táxi e eu já estava quase chegando ao meu destino. Ri tanto durante todo o caminho e agora nada daquilo fazia muito sentido.
A pergunta estava engasgada na minha garganta e eu a fiz.
- O Sr. é feliz?
- Não, minha filha. Sô não! Nunca fui.
- Mas ela também não é feliz?
- Não. Nem ela e nem eu. Uma pena, né?
- Uma pena...
Triste demais.
Histórias alegres de um homem triste. História triste de um homem alegre, mas não feliz.
Seu Gustavo. Taxista.
Um senhor com, sabe Deus, quantos filhos e uma vida inteira para trás! Quilômetros dela, já percorridos.
Estávamos em frente ao local onde eu iria descer. Estava atrasada, cansada, mas a raiva não estava mais ali. Não poderia estar! Agradeci a viagem e contei ao Seu Gustavo que pediria a Deus para que ele fosse feliz!
Ele pegou mais um passageiro, um Senhor de terno e gravata que entrou assim que eu saí. Perguntei-me se aquele, talvez, era feliz... Jamais vou saber.
Eu não sei como concluir esse texto. Pensei tanta coisa sobre Seu Gustavo, Rita, Sônia e a esposa infeliz, e cheguei a tantas ocas conclusões que esse texto não terminaria se eu as escrevesse.
Eu só tenho certeza de uma coisa: A vida da gente passa... rápido como uma viagem de táxi!
Eu só tenho certeza de uma coisa: A vida da gente passa... rápido como uma viagem de táxi!
Nana
quarta-feira, 28 de agosto de 2019
Cravejado?
Eu estava muito triste.
Num desses dias que a gente olha pra si e pensa: eu realmente to muito triste.
Cumpri com minhas obrigações diárias. Trabalhei, sorri, vivi.
No fim do dia eu quis me presentear. Quis me dar alguma coisa que me custasse; que me mostrasse o quão importante eu sou pra eu mesma; entende? Pra mim faz todo sentido.
Entrei numa loja de jóias. Um anel? Um anel. Pra me provar o quão valiosa eu sou e o quanto eu mereço coisas que custam. Dinheiro, vontade, sacrifício. Custam. Eu custo.
- O que deseja, Senhora?
- Um anel. De ouro, com pedras. Um anel delicado, mas com pedras.
- Um solitário?
Óbvio que não! Se tem uma coisa que uma pessoa que se presenteia não quer é lembrar-se de sua solidão. Oras...
- Não, solitário não. Não quero uma pedra, quero muitas pedras. Porém delicado, não esquece.
- Qual o tamanho do seu dedo?
Qualquer tamanho, sabe? Um que caiba. Um que não escorregue, um que não exite, um que não queira ir embora. Meu número é o número de quem quer ficar, de quem não quer arrumar desculpas pra sair. Um sabão escorregadio, uma louça mal lavada. uma noite agitada. Nada disso pode ser motivo, porque quem quer caber, cabe, fica. Meu número é o que cabe!
- 13 ou 14.
- Senhora, temos esses modelos. Veja se é do seu agrado.
Todos eram. Nenhum cabia. Quer dizer, um meio que cabia.. ficava ali na dúvida se ia ou se ficava, mas não ia embora com facilidade. Apesar de também não ter certeza da permanência.
- ´É lindo, e tem muitas pedras! Essas pedras não vão cair?
- Não, senhora. É um anel cravejado.
- E não saem? Eu não vou tirar ele pra nada. Pra lavar louça, pra dormir, pra tomar banho, pra conhecer pessoas, pra sair com meus amigos, pra ir ali beber uma cerveja, ver um filme, uma peça de teatro...
- Senhora, são cravejados, e temos garantia.
Garantia...hahahahaha... que irônico não, Joanna?
- Não quero saber da garantia. Sempre caem quando termina o prazo. Sempre me machuco achando que ainda dá tempo de recorrer, e nunca dá, sabe? Eu vou levar esse.
- Vai levar no dedo?
- Claro que não, embrulha pra presente!
E, como num ritual, eu sai dali levando meu anel de ouro, cravejado, tamanho 14, com garantia. Garantia de nunca me deixar, de nunca perder as pedras, de brilhar e brilhar. E brilhar. E brilhar.
Num desses dias que a gente olha pra si e pensa: eu realmente to muito triste.
Cumpri com minhas obrigações diárias. Trabalhei, sorri, vivi.
No fim do dia eu quis me presentear. Quis me dar alguma coisa que me custasse; que me mostrasse o quão importante eu sou pra eu mesma; entende? Pra mim faz todo sentido.
Entrei numa loja de jóias. Um anel? Um anel. Pra me provar o quão valiosa eu sou e o quanto eu mereço coisas que custam. Dinheiro, vontade, sacrifício. Custam. Eu custo.
- O que deseja, Senhora?
- Um anel. De ouro, com pedras. Um anel delicado, mas com pedras.
- Um solitário?
Óbvio que não! Se tem uma coisa que uma pessoa que se presenteia não quer é lembrar-se de sua solidão. Oras...
- Não, solitário não. Não quero uma pedra, quero muitas pedras. Porém delicado, não esquece.
- Qual o tamanho do seu dedo?
Qualquer tamanho, sabe? Um que caiba. Um que não escorregue, um que não exite, um que não queira ir embora. Meu número é o número de quem quer ficar, de quem não quer arrumar desculpas pra sair. Um sabão escorregadio, uma louça mal lavada. uma noite agitada. Nada disso pode ser motivo, porque quem quer caber, cabe, fica. Meu número é o que cabe!
- 13 ou 14.
- Senhora, temos esses modelos. Veja se é do seu agrado.
Todos eram. Nenhum cabia. Quer dizer, um meio que cabia.. ficava ali na dúvida se ia ou se ficava, mas não ia embora com facilidade. Apesar de também não ter certeza da permanência.
- ´É lindo, e tem muitas pedras! Essas pedras não vão cair?
- Não, senhora. É um anel cravejado.
- E não saem? Eu não vou tirar ele pra nada. Pra lavar louça, pra dormir, pra tomar banho, pra conhecer pessoas, pra sair com meus amigos, pra ir ali beber uma cerveja, ver um filme, uma peça de teatro...
- Senhora, são cravejados, e temos garantia.
Garantia...hahahahaha... que irônico não, Joanna?
- Não quero saber da garantia. Sempre caem quando termina o prazo. Sempre me machuco achando que ainda dá tempo de recorrer, e nunca dá, sabe? Eu vou levar esse.
- Vai levar no dedo?
- Claro que não, embrulha pra presente!
E, como num ritual, eu sai dali levando meu anel de ouro, cravejado, tamanho 14, com garantia. Garantia de nunca me deixar, de nunca perder as pedras, de brilhar e brilhar. E brilhar. E brilhar.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
Filtro Solar da Joanna. Não o do Bial.
Mais um ano que se inicia nessa nossa vida de meu Deus e mais um post que vos trago nesse nosso blog da Joanna.
O final de 2018, pra mim, já foi um recomeço pra muitas coisas. Depois que passou meu aniversário, em Novembro, eu senti que um novo ciclo já estava começando, antes mesmo do ano, de fato, terminar. Comecei a já colocar em prática algumas coisas que eu vinha adiando: consultas, exames, pagamento de algumas coisas não essenciais, alimentação melhor, etc. E uma dessas resoluções que fui protelando foi dar uma atenção especial à minha pele.
Dermatologista é sempre um médico que você deixa pra depois, né? Ninguém - pelo menos ninguém que eu conheça - tem urgência em ir ao dermato. A gente marca e desmarca e remarca mil vezes quando tem algum problema aparente ou quando tá percebendo que o negócio está desandando. Meus caros, com 34 anos eu não preciso nem dizer porque marquei a consulta e, efetivamente, compareci. Não é mesmo? Prossigamos.
Quando cheguei no consultório eu não sabia muito bem o que dizer. Por vergonha e por total desconhecimento sobre o assunto -cuidado com a pele-. Eu sou muito, mas muito relapsa com essas coisas. E admito isso até com um pouco de culpa. Acho importante que a gente se cuide, mantenho meus exames em dia, mas no que diz respeito a proteção de pele, cuidados, hidratação... vixi... Comecei a cuidar do meu cabelo depois que tasquei aquele loirão platinado por uma questão de sobrevivência mesmo. Era cuidar deles ou ficar careca. Ou ficar com o cabelo parecido com os fios de uma boneca velha. E, por pura obrigação, me dediquei a isso e hoje conheço muitos produtos e tratamentos bem bacanas. Agora, pele? Dormir sem maquiagem? Protetor solar quando acorda? Nunca nem vi. Massss, entrei no consultório na cara, na coragem e nas rugas.
A médica parecia uma Barbie; sério. A parede do consultório dela tinha umas formas geométricas que, quando eu olhava muito fixo pro rosto dela, a parede parecia se mexer. Eu meio que estava em transe com aquela pele, aquele olho claro, cabelo bem cuidado e aquela parede que mexia. Foi quando ela, então, fez a pergunta que eu tanto temia:
Dessa vez, diferente das outras e de muitas outras situações na minha vida, eu decidi falar a verdade. Comecei com "olha Dra. se a Sra. me passar um tratamento caro, eu vou ser bem franca, eu não vou fazer...". E assim, dessa forma, ali naquele consultório nós iniciamos uma relação de confiança mútua, de cumplicidade. Eu romantizo muito as coisas, eu sei, mas foi exatamente isso que eu senti.
Depois eu disse que com produtos que não me permitissem pegar sol eu também não me adaptaria e ela, prontamente, me ouviu e atendeu. Saí de lá com a receita na mão e o sentimento de dever cumprido e lealdade comigo mesma. Porque pela primeira vez, dentro daquele ambiente dermato, eu não tive vergonha de me mostrar como eu sou. Não tive medo de dizer "se for caro, eu não compro". Eu não fui honesta só com ela. Eu fui honesta, principalmente, comigo em não me esconder atrás de um sorriso besta e engolir tudo que ela me dissesse pra depois sair dali e vomitar na portaria do prédio. Eu disse a verdade, ela a recebeu, entendeu e retribuiu.
Depois disso eu pensei: Meu Deus, quantas e quantas vezes eu menti pras pessoas com medo de magoá-las, com medo de ser rejeitada, com medo de ser julgada, com tantos motivos que eu repetia pra que eu pudesse me justificar pra mim mesma. E no final das contas quem ficava mal, de fato, era eu! Porque quando você mente você carrega aquilo com você te consumindo aos poucos. A mentira aprisiona e te coloca na condição do "se". "E SE eu tivesse dito a verdade?". E se tem uma coisa que eu detesto, meus caros, é viver sobre a sombra do "se...".
A consulta foi só o primeiro passo pra uma nova maneira de lidar com as situações onde eu preciso, de certa forma, me expor. Foi um chute pra encarar de forma diferente as muitas vezes na vida em que eu vou precisar dizer: "então, se for pra ser assim, eu não quero". E quando a gente lida pela primeira vez com isso, mesmo que tarde, mesmo que num consultório de dermatologia, é inesquecível!
Eu saí de lá com a consciência tão tranquila e uma vontade tão grande de levar aquele relacionamento a sério! Aprendi o valor do protetor solar todos os dias e da verdade nua e crua em todo o tempo. Ah, e com meus produtos e tratamento "mara" que custou apenas R$180,00!
Nana
O final de 2018, pra mim, já foi um recomeço pra muitas coisas. Depois que passou meu aniversário, em Novembro, eu senti que um novo ciclo já estava começando, antes mesmo do ano, de fato, terminar. Comecei a já colocar em prática algumas coisas que eu vinha adiando: consultas, exames, pagamento de algumas coisas não essenciais, alimentação melhor, etc. E uma dessas resoluções que fui protelando foi dar uma atenção especial à minha pele.
Dermatologista é sempre um médico que você deixa pra depois, né? Ninguém - pelo menos ninguém que eu conheça - tem urgência em ir ao dermato. A gente marca e desmarca e remarca mil vezes quando tem algum problema aparente ou quando tá percebendo que o negócio está desandando. Meus caros, com 34 anos eu não preciso nem dizer porque marquei a consulta e, efetivamente, compareci. Não é mesmo? Prossigamos.
Quando cheguei no consultório eu não sabia muito bem o que dizer. Por vergonha e por total desconhecimento sobre o assunto -cuidado com a pele-. Eu sou muito, mas muito relapsa com essas coisas. E admito isso até com um pouco de culpa. Acho importante que a gente se cuide, mantenho meus exames em dia, mas no que diz respeito a proteção de pele, cuidados, hidratação... vixi... Comecei a cuidar do meu cabelo depois que tasquei aquele loirão platinado por uma questão de sobrevivência mesmo. Era cuidar deles ou ficar careca. Ou ficar com o cabelo parecido com os fios de uma boneca velha. E, por pura obrigação, me dediquei a isso e hoje conheço muitos produtos e tratamentos bem bacanas. Agora, pele? Dormir sem maquiagem? Protetor solar quando acorda? Nunca nem vi. Massss, entrei no consultório na cara, na coragem e nas rugas.
A médica parecia uma Barbie; sério. A parede do consultório dela tinha umas formas geométricas que, quando eu olhava muito fixo pro rosto dela, a parede parecia se mexer. Eu meio que estava em transe com aquela pele, aquele olho claro, cabelo bem cuidado e aquela parede que mexia. Foi quando ela, então, fez a pergunta que eu tanto temia:
- Joanna, o que te trouxe aqui?
Eu poderia responder mil coisas, duas mil. Mas eu não conseguia pensar em nada porque eu não tinha uma resposta.
- Eu já tenho 34 anos; queria saber se está tudo bem com a minha pele.
Dentro de mim eu mesma já me respondia "óbvio que não, linda", mas ela, com toda a sua paciência e elegância, me levou pra maca e pediu pra tirar minha maquiagem e bater umas fotos do meu rosto.
Fotos batidas, fomos ao computador olhar de perto e por dentro esse belo rostinho que Deus me deu.
Diagnóstico dado, partimos para o tema tratamento. E é aqui que meu texto começa. Sim. Tudo que você leu até agora foi só introdução. Só lamento.
Eu já fui três vezes em consultas com dermatologistas. A primeira vez foi por conta de muita caspa no cabelo, do nada. A mulher passou um shampoo tão caro que as caspas saíram sozinhas mesmo com pena de mim e da minha situação financeira.
Na segunda vez eu tive uma queloide no nariz, por conta de um piercing, que não saía por nada!! Até injeção no nariz eu tomei e a bendita queloide ali permanecia. Desisti do piercing e das injeções.
Já na terceira vez a doutora passou um tratamento, que envolvia ácido que não me permitia pegar sol e protetor solar de uma marca carí$$ima, que no total somava uns R$500,00 em produtos. Óbvio que não comprei.
Dessa vez, diferente das outras e de muitas outras situações na minha vida, eu decidi falar a verdade. Comecei com "olha Dra. se a Sra. me passar um tratamento caro, eu vou ser bem franca, eu não vou fazer...". E assim, dessa forma, ali naquele consultório nós iniciamos uma relação de confiança mútua, de cumplicidade. Eu romantizo muito as coisas, eu sei, mas foi exatamente isso que eu senti.
Depois eu disse que com produtos que não me permitissem pegar sol eu também não me adaptaria e ela, prontamente, me ouviu e atendeu. Saí de lá com a receita na mão e o sentimento de dever cumprido e lealdade comigo mesma. Porque pela primeira vez, dentro daquele ambiente dermato, eu não tive vergonha de me mostrar como eu sou. Não tive medo de dizer "se for caro, eu não compro". Eu não fui honesta só com ela. Eu fui honesta, principalmente, comigo em não me esconder atrás de um sorriso besta e engolir tudo que ela me dissesse pra depois sair dali e vomitar na portaria do prédio. Eu disse a verdade, ela a recebeu, entendeu e retribuiu.
Depois disso eu pensei: Meu Deus, quantas e quantas vezes eu menti pras pessoas com medo de magoá-las, com medo de ser rejeitada, com medo de ser julgada, com tantos motivos que eu repetia pra que eu pudesse me justificar pra mim mesma. E no final das contas quem ficava mal, de fato, era eu! Porque quando você mente você carrega aquilo com você te consumindo aos poucos. A mentira aprisiona e te coloca na condição do "se". "E SE eu tivesse dito a verdade?". E se tem uma coisa que eu detesto, meus caros, é viver sobre a sombra do "se...".
A consulta foi só o primeiro passo pra uma nova maneira de lidar com as situações onde eu preciso, de certa forma, me expor. Foi um chute pra encarar de forma diferente as muitas vezes na vida em que eu vou precisar dizer: "então, se for pra ser assim, eu não quero". E quando a gente lida pela primeira vez com isso, mesmo que tarde, mesmo que num consultório de dermatologia, é inesquecível!
Eu saí de lá com a consciência tão tranquila e uma vontade tão grande de levar aquele relacionamento a sério! Aprendi o valor do protetor solar todos os dias e da verdade nua e crua em todo o tempo. Ah, e com meus produtos e tratamento "mara" que custou apenas R$180,00!
Nana
sábado, 15 de setembro de 2018
Desabafo III
Eu queria escrever sobre tanta coisa
Eu queria falar tantas coisas pra tanta gente
Despejar todas as minhas frustrações, dizer o quanto fui magoada
O quanto tantos sonhos me foram tirados, o quanto me feriram e me fizeram sangrar
Apontar meu dedo cheio de enganos na cara de tanta gente e gritar bem alto sobre tudo aquilo que já tirou minha paz, meu sono, minha sanidade, meu amor próprio, minha auto estima, minha beleza, meu chão
Sentar cada um, numa cadeira fria e incômoda, amordaçando-lhes o direito de réplica, prendendo-lhes as mãos cheias de certezas, fazendo-os apenas ouvir e ver e sentir
E gritar e gritar e gritar e gritar
Eu preciso gritar
Preciso que ouçam tudo que está ecoando dentro de mim, há tempos
Isso não pode mais ficar apenas ressoando no meu peito, não é justo
Eu não quero mais ser complacente
Não preciso e não quero mais ser gentil
Eu quero que saibam que dói, que machuca, que fere
Que a gente urra de tanto sofrer, que o peito aperta, o ar some, as mãos esfriam, o coração gela
Eu preciso que sintam todo o vazio que isso tudo causa
Eu quero que se afoguem em todas as lágrimas que me fizeram derramar
Que carreguem uma parte dessa cruz que não é só minha
Me jogaram nas costas me fazendo percorrer por caminhos que eu não escolhi
E agora sigo, pesada, cansada, desprotegida
Queria a chance de fazer com que cada um sentisse uma pontada de toda essa dor
Pelo menos que, ao sentir a fisgada, lembrassem-se de mim
Do meu nome
Do meu rosto
Do meu sorriso
Do meu choro
Mas nada disso vai acontecer. Eu sei que não.
Eu vou dormir e tudo permanecerá igual
Vazio e triste.
Com medo
E dor.
Nana.
Eu queria falar tantas coisas pra tanta gente
Despejar todas as minhas frustrações, dizer o quanto fui magoada
O quanto tantos sonhos me foram tirados, o quanto me feriram e me fizeram sangrar
Apontar meu dedo cheio de enganos na cara de tanta gente e gritar bem alto sobre tudo aquilo que já tirou minha paz, meu sono, minha sanidade, meu amor próprio, minha auto estima, minha beleza, meu chão
Sentar cada um, numa cadeira fria e incômoda, amordaçando-lhes o direito de réplica, prendendo-lhes as mãos cheias de certezas, fazendo-os apenas ouvir e ver e sentir
E gritar e gritar e gritar e gritar
Eu preciso gritar
Preciso que ouçam tudo que está ecoando dentro de mim, há tempos
Isso não pode mais ficar apenas ressoando no meu peito, não é justo
Eu não quero mais ser complacente
Não preciso e não quero mais ser gentil
Eu quero que saibam que dói, que machuca, que fere
Que a gente urra de tanto sofrer, que o peito aperta, o ar some, as mãos esfriam, o coração gela
Eu preciso que sintam todo o vazio que isso tudo causa
Eu quero que se afoguem em todas as lágrimas que me fizeram derramar
Que carreguem uma parte dessa cruz que não é só minha
Me jogaram nas costas me fazendo percorrer por caminhos que eu não escolhi
E agora sigo, pesada, cansada, desprotegida
Queria a chance de fazer com que cada um sentisse uma pontada de toda essa dor
Pelo menos que, ao sentir a fisgada, lembrassem-se de mim
Do meu nome
Do meu rosto
Do meu sorriso
Do meu choro
Mas nada disso vai acontecer. Eu sei que não.
Eu vou dormir e tudo permanecerá igual
Vazio e triste.
Com medo
E dor.
Nana.
sábado, 18 de agosto de 2018
Cem!!
Olá meus amigos!!
Hoje abri o blog e vi que essa é a postagem de número cem!! Sim, senhoras e senhores, temos 99 coisas escritas por mim nesse espaço que chamo de meu e que vocês, de vem em sempre, visitam.
Sendo assim, decidi que nessa postagem centenária vou abrir meu coração pra vocês e contar sobre cem grandes (e nem tão grandes assim) sonhos que eu tenho. Coisas que ainda quero e acho que dá pra fazer e outras que eu sei que jamais conseguirei, mas já dizia a rainha dos baixinhos "tudo pode ser e se quiser será!".
Vamos lá? Vamos lá.
1 Ser surfista - mesmo com esse joelho podre;
2 Ter filh(x) surfista;
3 Fazer parte do Bonde das Maravilhas;
4 Ser passista
5 Desfilar num carro alegórico - sem aquelas roupas enormes aparecendo só os olhos;
6 Conhecer o Caribe;
7 Conhecer Fernando de Noronha;
8 Ter um chuveiro a gás;
9 Morar numa casa com quintal grande pro meu cachorro correr feito louco;
10 Ter uma rede nessa mesma casa;
11 E uma piscina - que pode ser de plástico
12 Ter um carro preto pra chamar de Falcão
13 Ir na Praça 2 e comprar TUDO que tenho vontade sem fazer conta;
14 Viver sem fazer conta;
15 Não precisar mais usar óculos;
16 Diminuir meu nariz;
17 alugar uma limousine com minhas amigas - preta, rosa é ranço;
18 Dar um tiro;
19 Ter alguém pra arear minhas panelas;
20 Parar de escutar de macho sem argumento que to muito nervosa;
21 Que meu cachorro pare de peidar podre - soltou um SINISTRO aqui agora;
22 Que Caetano faça uma música pra mim;
23 Botar o nome do meu filho de Caetano;
24 E ter a minha Maria Alice;
25 Ser uma velha muito divertida
26 Ter meu enterro cheio de amigos contando boas histórias sobre mim
27 Viver sempre boas histórias
28 Achar sempre graça das não tão boas assim
29 Chorar quando tiver vontade
30 Gargalhar quando tiver vontade
31 Ser magra pra sempre;
32 Ir ao show da Madonna;
33 Andar de skate;
35 Não cair andando de skate;
36 Ter um banheiro com banheira e velas aromáticas
37 Escrever um musical
38 Escrever um livro - mais de um, na verdade
39 Ser uma tia muito maravilhosa pro meu sobrinho
40 Ver minhas crianças crescendo em graça e conhecimento
41 Ser uma paquita
42 Conhecer a Xuxa
43 Compor uma música com a Marisa Monte
44 Ter mais de mil seguidores no Instagram
45 Ter um companheiro pra vida - que não seja um cachorro
46 Conhecer Pipa
47 Abraçar um macaco
48 Saber por onde anda o Philippe - meu primeiro namorado
49 Casar na praia
50 Receber alta da terapia
51 Viajar por todo o litoral do Brasil de carro
52 Ser mais regulada com meu dinheiro
53 Usar o shampoo certo pro meu tipo de cabelo;
54 Nunca ter insônia;
55 Dançar num pole dance;
56 Aprender dança do ventre;
57 Fazer boxe;
58 Voltar pro Pilates;
59 Ter sempre uma garrafa de vinho na geladeira;
60 Conhecer o Silvio Santos;
61 Participar da plateia do Domingo dele;
62 Ter o arquivo confidencial do Faustão;
63 Orar no muro das lamentações;
64 Ler a Biblia toda;
65 Ter alguém pra limpar minha casa;
66 Fazer uma hortinha;
67 Comer coisas mais saudáveis;
68 Tirar carteira;
69 Ter dinheiro pra investir;
70 Mandar algumas pessoas à merda;
71 Ter um quarto de hóspedes - esse ta quase quase;
72 Ter mais de cem capinhas de celular;
73 Ter mais de cem capinhas de celular sem ser julgada;
74 Fazer um cruzeiro - sem ser o do Roberto Carlos, peloamordedeus;
75 Ir no show do Fábio Junior;
76 Ser amiga da Carol Sampaio;
77 Ter fluência no inglês;
78 Ter fluência no francês - acho muito sexy;
79 Viajar com todas as despesas pagas;
80 Trabalhar sem ter horário;
81 Acordar quando o destino assim quiser e não o despertador;
82 Eliminar o despertador;
83 Comprar roupa de graça na Aquamar;
84 Cartão fidelidade Aquamar;
85 Ver neve;
86 Fazer um boneco de neve com nariz de cenoura;
87 Conhecer os Hanson;
88 Viajar com a Tatiana e a Lívia - se possível na mesma viagem;
89 Levar meus filhos pra brincar no Aterro
90 Levar meus filhos pra nadar no Arpoador à noite;
91 Fazer uma festa no Parque Lage;
92 Bater um papo cabeça com Chico Buarque;
93 Ir no show da Ivete;
94 Namorar o Cauã Reymond;
95 Não mais ser feita de idiota;
96 Morrer e ir pro céu;
97 Botar maiô e não me sentir um fiapo de macarrão;
98 Não ter mais rinite;
99 Não ter mais sinusite e bronquite;
100 A paz mundial
obs: As coisas não estão em ordem de importância nem em qualquer outra ordem. Apenas estão.
Nana
Hoje abri o blog e vi que essa é a postagem de número cem!! Sim, senhoras e senhores, temos 99 coisas escritas por mim nesse espaço que chamo de meu e que vocês, de vem em sempre, visitam.
Sendo assim, decidi que nessa postagem centenária vou abrir meu coração pra vocês e contar sobre cem grandes (e nem tão grandes assim) sonhos que eu tenho. Coisas que ainda quero e acho que dá pra fazer e outras que eu sei que jamais conseguirei, mas já dizia a rainha dos baixinhos "tudo pode ser e se quiser será!".
Vamos lá? Vamos lá.
1 Ser surfista - mesmo com esse joelho podre;
2 Ter filh(x) surfista;
3 Fazer parte do Bonde das Maravilhas;
4 Ser passista
5 Desfilar num carro alegórico - sem aquelas roupas enormes aparecendo só os olhos;
6 Conhecer o Caribe;
7 Conhecer Fernando de Noronha;
8 Ter um chuveiro a gás;
9 Morar numa casa com quintal grande pro meu cachorro correr feito louco;
10 Ter uma rede nessa mesma casa;
11 E uma piscina - que pode ser de plástico
12 Ter um carro preto pra chamar de Falcão
13 Ir na Praça 2 e comprar TUDO que tenho vontade sem fazer conta;
14 Viver sem fazer conta;
15 Não precisar mais usar óculos;
16 Diminuir meu nariz;
17 alugar uma limousine com minhas amigas - preta, rosa é ranço;
18 Dar um tiro;
19 Ter alguém pra arear minhas panelas;
20 Parar de escutar de macho sem argumento que to muito nervosa;
21 Que meu cachorro pare de peidar podre - soltou um SINISTRO aqui agora;
22 Que Caetano faça uma música pra mim;
23 Botar o nome do meu filho de Caetano;
24 E ter a minha Maria Alice;
25 Ser uma velha muito divertida
26 Ter meu enterro cheio de amigos contando boas histórias sobre mim
27 Viver sempre boas histórias
28 Achar sempre graça das não tão boas assim
29 Chorar quando tiver vontade
30 Gargalhar quando tiver vontade
31 Ser magra pra sempre;
32 Ir ao show da Madonna;
33 Andar de skate;
35 Não cair andando de skate;
36 Ter um banheiro com banheira e velas aromáticas
37 Escrever um musical
38 Escrever um livro - mais de um, na verdade
39 Ser uma tia muito maravilhosa pro meu sobrinho
40 Ver minhas crianças crescendo em graça e conhecimento
41 Ser uma paquita
42 Conhecer a Xuxa
43 Compor uma música com a Marisa Monte
44 Ter mais de mil seguidores no Instagram
45 Ter um companheiro pra vida - que não seja um cachorro
46 Conhecer Pipa
47 Abraçar um macaco
48 Saber por onde anda o Philippe - meu primeiro namorado
49 Casar na praia
50 Receber alta da terapia
51 Viajar por todo o litoral do Brasil de carro
52 Ser mais regulada com meu dinheiro
53 Usar o shampoo certo pro meu tipo de cabelo;
54 Nunca ter insônia;
55 Dançar num pole dance;
56 Aprender dança do ventre;
57 Fazer boxe;
58 Voltar pro Pilates;
59 Ter sempre uma garrafa de vinho na geladeira;
60 Conhecer o Silvio Santos;
61 Participar da plateia do Domingo dele;
62 Ter o arquivo confidencial do Faustão;
63 Orar no muro das lamentações;
64 Ler a Biblia toda;
65 Ter alguém pra limpar minha casa;
66 Fazer uma hortinha;
67 Comer coisas mais saudáveis;
68 Tirar carteira;
69 Ter dinheiro pra investir;
70 Mandar algumas pessoas à merda;
71 Ter um quarto de hóspedes - esse ta quase quase;
72 Ter mais de cem capinhas de celular;
73 Ter mais de cem capinhas de celular sem ser julgada;
74 Fazer um cruzeiro - sem ser o do Roberto Carlos, peloamordedeus;
75 Ir no show do Fábio Junior;
76 Ser amiga da Carol Sampaio;
77 Ter fluência no inglês;
78 Ter fluência no francês - acho muito sexy;
79 Viajar com todas as despesas pagas;
80 Trabalhar sem ter horário;
81 Acordar quando o destino assim quiser e não o despertador;
82 Eliminar o despertador;
83 Comprar roupa de graça na Aquamar;
84 Cartão fidelidade Aquamar;
85 Ver neve;
86 Fazer um boneco de neve com nariz de cenoura;
87 Conhecer os Hanson;
88 Viajar com a Tatiana e a Lívia - se possível na mesma viagem;
89 Levar meus filhos pra brincar no Aterro
90 Levar meus filhos pra nadar no Arpoador à noite;
91 Fazer uma festa no Parque Lage;
92 Bater um papo cabeça com Chico Buarque;
93 Ir no show da Ivete;
94 Namorar o Cauã Reymond;
95 Não mais ser feita de idiota;
96 Morrer e ir pro céu;
97 Botar maiô e não me sentir um fiapo de macarrão;
98 Não ter mais rinite;
99 Não ter mais sinusite e bronquite;
100 A paz mundial
obs: As coisas não estão em ordem de importância nem em qualquer outra ordem. Apenas estão.
Nana
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