sábado, 15 de setembro de 2018

Desabafo III

Eu queria escrever sobre tanta coisa
Eu queria falar tantas coisas pra tanta gente
Despejar todas as minhas frustrações, dizer o quanto fui magoada
O quanto tantos sonhos me foram tirados, o quanto me feriram e me fizeram sangrar
Apontar meu dedo cheio de enganos na cara de tanta gente e gritar bem alto sobre tudo aquilo que já tirou minha paz, meu sono, minha sanidade, meu amor próprio, minha auto estima, minha beleza, meu chão
Sentar cada um, numa cadeira fria e incômoda, amordaçando-lhes o direito de réplica, prendendo-lhes as mãos cheias de certezas, fazendo-os apenas ouvir e ver e sentir
E gritar e gritar e gritar e gritar
Eu preciso gritar
Preciso que ouçam tudo que está ecoando dentro de mim, há tempos
Isso não pode mais ficar apenas ressoando no meu peito, não é justo
Eu não quero mais ser complacente
Não preciso e não quero mais ser gentil
Eu quero que saibam que dói, que machuca, que fere
Que a gente urra de tanto sofrer, que o peito aperta, o ar some, as mãos esfriam, o coração gela
Eu preciso que sintam todo o vazio que isso tudo causa
Eu quero que se afoguem em todas as lágrimas que me fizeram derramar
Que carreguem uma parte dessa cruz que não é só minha
Me jogaram nas costas me fazendo percorrer por caminhos que eu  não escolhi
E agora sigo, pesada, cansada, desprotegida
Queria a chance de fazer com que cada um sentisse uma pontada de toda essa dor
Pelo menos que, ao sentir a fisgada, lembrassem-se de mim
Do meu nome
Do meu rosto
Do meu sorriso
Do meu choro

Mas nada disso vai acontecer. Eu sei que não.
Eu vou dormir e tudo permanecerá igual
Vazio e triste.
Com medo
E dor.

                                                                                                   Nana.

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