segunda-feira, 9 de junho de 2014

A fita - série biografia

Eu tinha sete anos e era apaixonada pelo Zezé di Camargo (pausa para julgamentos)! Gostava das musicas, achava ele lindo, enfim... Era apenas uma criança de sete anos e mereço um desconto. 

Gostava de um menino na escola e a música "É o amor" embalava meu sonho de um dia ser sua namorada. Ah, preciso explicar uma coisa: eu era uma criança precoce. Minha mãe foi chamada diversas vezes na escola porque eu era uma criança a frente do meu tempo. Mas o que se podia fazer? 

Sofria de amores por ele, ficava olhando pra ele na aula e me imaginava sua esposa. Juro que imaginava!! Mas minha música, minha trilha para chorar pensando no meu amor proibido só tocava nas rádios. 

Um dia minha mãe pediu para que eu e a filha da moça que travalhava em nossa casa, Maria, fossemos no mercado para comprar ovos e mais algumas coisas que não lembro. É preciso dizer que eu tinha 7 anos e Maria uns 15, por ai! Minha mãe deu o dinheiro, escreveu a lista e saímos. 

Na esquina, no caminho para o mercado, tinha um moço vendendo fitas cassete numa barraca (pirataria nao é tão recente assim). O valor da fita do Zezé era o mesmo valor que tínhamos para ir no mercado! Era ou não era um sinal? Pra mim era!!! 

Consegui convencer Maria a comprar a fita. Combinamos de dizer que não tinha as coisas que ela pediu no mercado e que perdemos o dinheiro no caminho. Acidentes acontecem... Né? 

Chegamos em casa e, lógico, perguntaram pelas compras. Olhei para Maria com aquele olhar de lástima esperando que ela dissesse o que combinamos. Ela não disse. Interferi no assunto e disse "não tinha ovos, mãe!" A resposta foi óbvia: "que mercado não vende ovos????" Estava tudo perdido! Maria só conseguia dizer: "ela quis comprar! Eu deixei!" Meu segredo fora revelado! Estava prestes a perder a fita que embalaria meus sonhos de amor. Mas antes disso, aquela surra básica! Não tinha lei da palmada naquela época, Brasil! 

Depois de apanhar e quase implorar minha mãe deixou eu ficar com a fita! 

Não namorei o tal menino (graças a Deus porque hoje ele é horroroso!) mas chorei muito ouvindo Zezé cantando.... E também porque doeu a surra! rs

Nana 

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